sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A Sociedade que Deveria ser Civil

Comummente referimos que existe um descontentamento generalizado com os políticos actuais, sendo esse sentimento parte da explicação para os elevados níveis de abstenção nas eleições, o desinteresse e o progressivo afastamento de uma grande parte da população na análise e discussão de temas relevantes em termos políticos, económicos e por vezes sociais. De salientar que os temas sociais só por si despertam muitos sentimentos que acabam por atrair e promover a discussão voluntária, muitas vezes são estes os temas que os partidos optam por evidenciar de forma a distrair.
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No entanto, os casos pouco claros, as suspeitas e outros temas controversos acontecem em todas as sociedades, no entanto nem todas elas se dotam de uma apatia tão profunda como a sociedade portuguesa. Vivemos numa sonolência profunda quando ao nosso lado casos “peculiares” acontecem, de referir: que na semana em que o endividamento nacional estava na ordem do dia é assinado, a uma Sábado, o primeiro troço de um TGV que ainda ninguém sabe ao certo quanto irá gerar de receitas e mensurar de que forma promoverá o crescimento económico. A sociedade distraiu-se com a célebre frase da tanga, enquanto os impostos aumentaram a bem da economia nacional e, quase imperceptivelmente, é assinado um acordo que compromete a saúde das contas públicas. A sociedade adormecida assim continuou.
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Mas quem é responsável por este hibernar da consciencialização colectiva?
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Do lado do poder político alguns dos temas fundamentais em analisar são decididos quase de forma silenciosa, paralela e longe do olhar da sociedade, por outro lado o discurso político dota-se de uma linguagem que visa afastar o português comum, os eleitores, os quais muitas vezes não compreendem as expressões técnicas e acabam por “delegar nos políticos porque eles é que são capazes e válidos”. Mas desde quando esses mesmos políticos passaram por provas de aptidão para tal? Os mesmos políticos que endividaram o estado com os célebres estádios de futebol, são os mesmos que se consideraram válidos a endividar o país em obras públicas para os quais não temos liquidez.
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Mas se do lado político as posturas descritas são comuns e levam ao afastamento, a sociedade em si também é responsável e permite que temas que irão condicionar o futuro sejam aceites sem discussão e por vezes envoltos em polémica sem que exista uma tomada de posição firme e de mobilização. Facilmente camuflamos descontentamento com posições radicais ou extremistas, ou por outro lado, explicamos a nossa atitude pelo reduzido impacto ao se actuar de uma forma individual. Se a sociedade se organizar, se todos nós tivermos uma atitude dinâmica, pró-activa e informada e assim existir uma exposição dos erros, das dúvidas e da posição da sociedade civil a nível local e nacional, então inevitavelmente passará a existir uma forma distinta de fazer política centrada na sociedade (a médio ou longo prazo mas essa mudança irá acontecer).
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Numa primeira fase a sociedade civil deve expor os problemas e demarcar uma posição em termos locais e nacionais nas mais variadas temáticas, numa segunda fase, é essencial exigir respostas válidas. Em Portugal, regra geral, as respostas tardam e muitas das vezes apenas obtemos meias explicações e num tom “áspero” para evitar mais perguntas difíceis. Mas uma sociedade organizada, que definiu com clareza o que pretende, necessita insistir com perseverança para que a resposta completa, clara e legal seja obtida.
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O despertar da sociedade civil é URGENTE.
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