quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Portugal e o Mar: numa óptica de emprego, crescimento e investigação científica

A 27 de Setembro de 2010 a PASC (Plataforma Activa da Sociedade Civil, ou seja,
o ponto de encontro, de discussão e acção de dezasseis Associações provenientes dos mais diversos sectores da Sociedade Civil) levou a cabo uma discussão relativa ao tema: ” A Governação do Mar alargado”.

O Mar é, depois do Potencial Humano Português e da posição geoestratégica do País, a nossa principal fonte de riqueza., no entanto não se tem observado um contributo considerável desta “fonte” no emprego, crescimento e desenvolvimento cientifico de Portugal. A par da agricultura, o Mar é outro sector não só esquecido mas muitas vezes vitima de atrofio resultado do marasmo das não decisões, de opções erradas e descabidas e, ainda, da incapacidade e incompetência dos responsáveis por áreas directamente ligadas ao mar.

A PASC, num comunicado resumo da discussão levada a cabo, não só focou os principais elementos pertinentes como exigiu respostas a quem de direito (a carta original foi enviada ao chefe de Governo o Engenheiro José Sócrates):

“ - Quanto custou a Portugal e aos portugueses a ineficácia das várias propostas, estudos, comissões e as várias tentativas e promessas de gerir o domínio do mar;

- O que tem para propor ao país a Comissão Interministerial para os Assuntos do Mar, que se baseia nas recomendações da Comissão Estratégica dos Oceanos que é inspirada, e bem, nas melhores práticas internacionais, mas da qual nada se conhece quanto a resultados.

- Porque é que, sendo a pesca uma actividade tradicional dos portugueses, foi a nossa frota pesqueira brutalmente reduzida; e porque é que alienámos para a UE a exploração dessa riqueza.

- Porque desapareceu a nossa Marinha Mercante e porque se reduziu drasticamente o negócio do transporte marítimo.

- Porque não aproveitámos, em tempo oportuno, a capacidade sobrante na Construção Naval Nacional para a construção de embarcações para Empresas Públicas ou tuteladas pelo Estado, em vez de as mandarmos construir em Estaleiros estrangeiros, nalguns casos a custos mais elevados.

- Porque é que, tendo Portugal uma posição geográfica privilegiada e sendo o negócio das marinas tão procurado internacionalmente, não somos capazes de gerar riqueza por essa via com a consequente criação de novas empresas e de emprego.

- Porque é que, cada Porto mais parece um Estado dentro do Estado, sem coordenação entre si, sem integração com as redes de comunicação, nomeadamente sem adequadas ligações ferroviárias, sem preocupações de viabilidade e competitividade. Quanto nos custa a Administração Portuária?

- Se os responsáveis pela gestão do nosso Mar e dos nossos Portos são os mais competentes e sabedores neste domínio.
- Se as Universidades portuguesas fazem investigação sobre o nosso Mar e, caso afirmativo, qual foi o resultado e qual a aplicação prática dessas investigações. - Porque desapareceu a nossa Marinha Mercante e porque se reduziu drasticamente o negócio do transporte marítimo.

Que resposta o Governo pensa dar às propostas dos mais de mil agentes deste sector de actividade que se reuniram recentemente no Fórum Empresarial do Mar.

- O que se está a passar com a extensão da Plataforma Continental que acrescentará ao nosso mapa uma dimensão equivalente a um país como a Índia.

- Qual o potencial de emprego que podemos gerar nestas actividades, num momento em que o desemprego – sobretudo o jovem – é uma das nossas maiores preocupações.

- Qual o impacto no PIB, a curto e médio prazo, do desenvolvimento adequado de uma política integrada de todas as actividades ligadas ao Mar.

- O que é que este governo tem planeado, que estratégia, que acções concretas vai desenvolver para gerir esta nossa riqueza e que dividendos esperar num espaço temporal identificado.”


Grupo Coordenador da PASC – Plataforma Activa da Sociedade Civil
Mário Baptista (AORN); Nelson Brito (APE); Miguel Cardina (ANJAP); Manuel Rio Carvalho (AAACM); Augusto Melo Correia (EuroDefense); Luís Campos e Cunha (SEDES); Leandro Esteves (DECIDE); Mariz Fernandes (AACDN); Américo Abreu Ferreira (APE); Mendo Henriques (IDP); Garcia Leandro (CNAF); António Figueiredo Lopes (EuroDefense);); Jorge Marques (APG); António Gentil Martins (CAVITOP); João Palmeiro (API); Pedro Sousa Ribeiro (AORN); Perpétua Rocha (PASC); Constança Romana (DECIDE); João Salgueiro (SEDES); José Simão (Associação 5 Elemento)

Ricardo Ferreira

Wikileaks: free press or neo-McCarthyism (texto original de John Huffstot)

O Wikileaks ocupou de rompão um lugar cimeiro na imprensa internacional, com impactos notáveis ao nível das relações internacionais e da diplomacia à escala mundial.

Se, por um lado, é verdade que os relatórios oficiais muitas vezes são de credibilidade duvidosa, basta recordar os casos mediáticos americanos como Watergate, o relatório relativo ao assassinato de JFK, ao nível das Armas de destruição maciça no Iraque, ou no caso português o Assassinato de Sá Carneiro.

A denúncia surgiu, muitas vezes, como uma grito de revolta, de reposição da verdade e exposição da corrupção. No entanto, a denúncia “sem rosto” (anónima) é igualmente uma ameaça, quer ao nível da credibilidade quer colocando em causa o direito à defesa directa, como sugere John Huffstot, poderá ser uma forma moderna de Macartismo e da caça às bruxas.

Serve este post de reflexão a uma situação nova que o Wikileaks inaugurou mas, numa sociedade moderna de informação e tecnologia, irá perdurar num horizonte temporal vastíssimo. Face a esta nova realidade é urgente uma reflexão individual, promoção da discussão e dedicar esforços no equilíbrio entre a verdade mas não abdicando da ética e dos princípios base salutares em democracia.

Ricardo Ferreira

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Tolerância de Ponte em Portugal

Com pouca surpresa li nas notícias que o governo irá dar tolerância de ponte aos funcionários públicos, nos dias 24 e 31 de Dezembro. Note-se bem que apenas os funcionários públicos têm direito a esta “borla”, que nada abona a favor da produtividade do sector.

Muito se tem falado de problemas de competitividade no país, especialmente culpando-se o sector público pelo peso que tem na economia e pela reduzida produtividade de cada um dos seus trabalhadores. É certo que podemos alegar falta de motivação das pessoas, mas não consigo perceber como é que um conjunto de trabalhadores que tem acesso a promoções automáticas na carreira (independente do desempenho), aumentos salariais mais ou menos garantidos ou a segurança total do emprego (não há despedimentos na função pública) não se consegue motivar e “vestir a camisola”.

Não acredito, contudo, que a culpa das maleitas do país é dos funcionários públicos, pois sei que um dos nossos principais problemas é a fraca qualificação e a elevada incompetência dos nossos gestores. Apesar disso, defendo que se deve procurar alguma razoabilidade.

Não defendo que as pessoas não devam tirar os dias 24 e 31. Defendo, contudo, que se o querem fazer, devem tirar um dia de férias, como o fazem os trabalhadores do privado. Porque raio estão os contribuintes a pagar por meio milhão de trabalhadores que tem a possibilidade de tirar estes dois dias de descanso? Não é o trabalho uma relação directa entre receita e custo? Ou entre benefício social e custo associado? Convenhamos que os trabalhadores têm direito ao seu descanso, mas se juntarmos as tolerâncias de ponte com os 14 feriados que os portugueses têm direito… temos aqui uma “borla”.

Finalmente, alguns podem alegar que noutros países da Europa há tantos ou mais feriados. É verdade. E também, nesses países os trabalhadores saem do trabalho às 17h. Só que não podemos querer ter os dois mundos. Se não produzimos e se ocupamos muito do nosso tempo de trabalho em cafés, em conversas particulares ou em almoços… temos de ficar mais tempo no local de trabalho. Ou estarei errado?

domingo, 19 de dezembro de 2010

O aumento dos custos da electricidade e a maior competitividade do país

Recentemente, no seguimento do nosso artigo que comenta as necessidades de flexibilização do mercado laboral, fomos informados do aumento dos preços da electricidade em Portugal, quer para empresas quer para os particulares. Algumas reflexões:

1 – Em 2010, os preços de electricidade em todos os países da Europa sofreram uma queda expressiva. Em Portugal tal não acontece dado o aumento do peso das energias renováveis e dada a protecção de preço patente nos contratos de concessão da EDP (não discutimos as suas valências).

2 – Quando se fala em competitividade e depois da tentativa de baixar os salários dos trabalhadores, esta notícia surge em contraciclo. Na realidade, o custo com energia é um dos principais custos das empresas (especialmente indústrias), e é bem capaz de compensar o corte dos salários. Aliás, o governo está a cortar salários, ao mesmo tempo que os custos sobem.

3 – Percebo o racional da subida dos preços da electricidade. Contudo, o que me questiono é sobre a nossa aposta cega e com pouca lógica económica nas energias renováveis. Ou seja, estamos a subsidiar uma forma de geração de electricidade, que faz algum sentido em termos de ambiente mas que não se enquadra com o nível de riqueza (ou será pobreza?) do país.

4 – Esta aposta nas energias renováveis é bastante interessante no seu modelo, na medida em que implica que o Estado concede um benefício para incentivar a construção de parques eólicos que, de outro modo, não seriam lucrativos. A minha questão, contudo, prende-se com a passagem de todos e quaisquer riscos do empreendedor para o Estado. Assim, porque raio se estão a possibilitar retornos superiores a 10% a investimentos sem risco?

A conclusão: continuamos com problemas de prioridades, possibilitamos aos privados investimentos com alto rendimento e sem risco e continuamos sem avaliar a atractividade financeira das nossas opções. Ou seja, perpetuamos os nossos problemas, numa postura de novo-rico irresponsável.

Leia Também:
Bons e Maus artistas;
Cortar na Despesa;
 

sábado, 18 de dezembro de 2010

Flexibilização do Mercado de Trabalho

Muito se tem falado em Portugal, nos últimos tempos, da necessidade de flexibilizar o mercado laboral, numa tentativa de aumentar a competitividade das empresas portuguesas. Adicionalmente, o governo optou, recentemente, pelo corte dos salários dos funcionários públicos, tentando levar as empresas privadas a seguir o mesmo exemplo.

Alguns pensamentos que gostaria de transmitir:

1 – Na realidade, o mercado de trabalho em Portugal é pouco flexível, na medida em que é impossível ou quase impossível despedir um trabalhador pouco ou não-eficiente. Isto é verdade;

2 – Nos últimos anos, o custo real do trabalho em Portugal e em especial na administração pública, tem subido de forma expressiva (em 2009 situou-se entre 5-6%), ao mesmo tempo que a produtividade não reage a esse aumento. Aliás, um problema crónico das economias é a persistência de alguns sindicatos com filiação política, que usam os trabalhadores e as manifestações como arma de arremesso, assumindo posturas claramente irresponsáveis e perigosas, a prazo.

3 – A tentativa de ingerência do governo nas empresas é algo que tem de nos preocupar. Aliás, qualquer agente económico corre sempre a tentação de controlar tudo o que puder. Contudo, convém não esquecer que o governo não foi capaz de controlar as contas públicas, tomar medidas estruturantes ou corrigir os problemas do país. Deste modo, o que o leva a tentar ou se quer ousar condicionar os salários dos privados?

4 – Os salários dos trabalhadores privados é dependente da lei da oferta e da procura e, tendencialmente, deverá assentar em questões de lucratividade das empresas. Ou seja, enquanto que no Estado a preocupação é de prestar um serviço à sociedade (esperemos) nas empresas a preocupação é gerar rendimento e lucros.

5 – Não esquecer que nas empresas privadas, os trabalhadores sofrem de um risco de despedimento, pelo que os salários deveriam ser superiores aos da função pública.

6 – Finalmente, deveríamos procurar focar mais a nossa atenção na qualidade das equipas de gestão (quer de topo, quer intermédias), na medida em que é necessário motivar as equipas e procurar orientar e dirigir para um determinado caminho, de forma inteligente e sábia. Contudo, os nossos gestores são de uma qualidade muito baixa…

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Preço do Petróleo por Celso Grisi

Expomos mais um artigo do professor Celso Grisi, publicado dia 12 de Dezembro que pode ser consultado na íntegra aqui.
Começa a desenhar-se um recúo desses preços para os próximos períodos. E já não é sem tempo, uma vez que esses preços ficam insuportáveis no momento em que os países desenvolvidos precisam recuperar suas economias. O petróleo, em alta, é um grande produtor de inflação nos países que guardem dependência do chamado “ouro negro”.

A resposta ao movimento de queda veio no mesmo instante. A Agência Internacional de Energia e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo anunciaram novas estimativas para a demanda de petróleo no próximo ano.

A AIE prevê agora um consumo maior para 2011, dada a maior demanda dos Estados Unidos e da China. A expectativa é que a demanda mundial de petróleo chegue a 88,8 milhões de barris por dia no próximo ano, ou seja, 260 mil barris a mais do que a previsão anterior. Resta saber por que países com crescimento menor fariam maior demanda de petróleo.

A Opep prevê um aumento de demanda menor que a AIE. Por isso seus membros decidiram que, em princípio, não aumentarão a produção de petróleo no ano de 2011.

A produção deverá ser mantida para garantir esses preços tão altos. Isso só faz sentido se a demanda for menor. Então, por que a AIE vê crescimento no consumo futuro?
Apesar de expormos este artigo, queremos deixar uma visão alternativa, que é a nossa e é algo diferente da defendida pelo professor. Na realidade, acreditamos que o preço do petróleo irá continuar a subir, pelo menos nos próximos tempos. Defendemos isso pelos seguintes factores:

  1. Estamos actualmente numa época de grande frio, o que implica uma subida sazonal da procura por gasóleo de aquecimento e outras matérias-primas energéticas;
  2. A OPEP está bastante confortável com estes níveis de preço, após alguns anos com uma pressão nos seus orçamentos induzida pelo baixo preço do petróleo. Diz-se que o preço necessário para equilibrar o orçamento de alguns países é perto de $80-85 por barril.
  3. O ministro do petróleo da Arábia Saudita terá dito num jantar recentemente que o intervalo para o petróleo razoável é entre $70-90 por barril, quando antes defendia até $80. A suportar esta tese está o facto deste país, o principal país da OPEP, não ter aumentado a sua produção nos últimos tempos.
  4. Os campos petrolíferos actuais estão com taxas de declínio superiores a 6%. Significa isto que todos os anos as grandes empresas têm de iniciar produção que cubra esta diferença. Contudo, como vemos todos os trimestres, as empresas não conseguem crescimento de produção de petróleo, antes pelo contrário.
  5. A China irá abrandar um pouco o seu ritmo de crescimento. Parece algo consensual. Contudo, não só acreditamos que taxas de crescimento de 8-9% continuam a ser bastante boas, como este país é um país cujo modelo de crescimento económico é intensivo em matérias-primas. Adicionalmente, outros países irão emergir, como sendo o Brasil e a Índia.
A nossa conclusão é que o preço do petróleo estará estruturalmente suportado e irá subir de forma consistente no tempo, pelo que é necessário encontrar alternativas e ser mais eficiência. Contudo, somos da opinião que o caminho não passa pelo disparate da energia eólica, pelo menos nos moldes que estamos a tomar (aliás, acha normal que nos outros países da Europa o preço da electricidade esteja a baixar, enquanto em Portugal sobe consistentemente? Será que somos um país que se pode dar ao luxo de subsidiar desta forma este tipo de energia? Temos de assumir que não somos ricos...)

sábado, 11 de dezembro de 2010

"Economia" Europeia

Apenas para deixar um pequeno pensamento relativo à "Economia" do nosso país.

Como sabe, a Economia destina-se a orientar as decisões dos agentes económicos, que se preocupam em optar por alguns recursos em detrimento de outros, dada a sua escassez. Contudo, em Portugal e em vários países da Europa, parece que encontramos uma nova definição de economia.

Na realidade, consideramos que os recursos não são escassos, porque nos últimos anos sempre tivemos acesso ilimitado ao crédito. No entanto, e como ficou provado, não podemos fugir à máxima de escassez de recursos. E agora estamos a pagar bem caro...

Como as vezes oiço: "Sai de Baixo..."

Retorno Esperado

Defendemos, desde sempre, que os investimentos têm de ser classificados em três características que os tornam únicos e que permitem uma correcta definição de prioridades e enquadramento numa estratégia de diversificação:

• Risco;

• Retorno Esperado;

• Liquidez.

Como já foi exposto, o risco pode ser dividido em Risco de Mercado (que não pode ser diversificado, apenas mitigado através de menor ou maior exposição) e Risco Específico (que pode ser diversificado por um conjunto de activos com determinadas características, podendo mesmo ser minimizado ou reduzido a zero).

Neste artigo iremos focar a nossa atenção no Retorno Esperado, sendo que apresentaremos alguma teoria financeira de suporte:

RETORNO ESPERADO

Existem diferentes níveis de risco nos investimentos, devendo existir uma relação muito próxima entre o risco incorrido e o retorno exigido. A teoria financeira classifica os investidores racionais como avessos ao risco, o que significa que são investidores que procuram maximizar a relação risco/retorno:

  • Para um mesmo nível de risco, procuram o máximo retorno possível;

  • Para o mesmo nível de retorno, procuram incorrer no menor risco possível.

Como também sabemos, apesar de fazer todo o sentido, esta máxima é muitas vezes esquecida por um grande número de pessoas. Para a melhor escolha dos seus depósitos, veja este artigo escrito pelo autor do Produtos Bancários.

RETORNO DO ACTIVO SEM RISCO

Os problemas de crédito que o pa´ss atravessa têm colocado em cima da mesa o debate sobre a dívida dos governos, entidades que eram percebidas como sendo as menos arriscadas do sistema. A teoria financeira ainda o considera, apesar de ser necessária alguma distinção entre países. Estes activos são considerados “sem risco”. Assumindo a premissa que todos somos avessos ao risco, torna-se claro que apenas deveremos aceitar taxas de retorno superiores à taxa de retorno proporcionada pelo “activo sem risco”.

Assim, o retorno deste activo é o patamar mínimo de retorno exigido. A título de exemplo, a dívida portuguesa paga actualmente, para um prazo de dez anos, mais de 6% de juro. Como justificar que os depósitos a prazo para um mesmo prazo não cheguem aos 4%?

O PRÉMIO DE RISCO

Sendo o nosso foco os activos com risco, significa que ao retorno do “activo sem risco” tem de ser adicionado um prémio que compense o investidor pelo risco adicional que incorre. Na teoria, isto é chamado de Prémio de Risco, directamente dependente do nível de risco do activo, denominado de Beta (cujo desenvolvimento remeteremos para o futuro).

O que importa referir é que, sempre que pensa num investimento e no retorno que quererá obter desse investimento, terá de considerar o patamar mínimo de retorno (“activo sem risco”) e um prémio de risco. É simples. Não se esqueça desta máxima, pois tem de ser devidamente remunerado pelo risco em que incorre.

Estes e outros assuntos, quer no âmbito dos investimentos, quer na vertente de poupanças, são discutidos extensamente nos nossos cursos de formação. Veja aqui alguns motivos pelos quais defendemos a importância de um curso.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Jornal Dínamo - A Educação Financeira do seu Filho

Salientamos a contribuição do Ricardo Ferreira para a edição de 6 de Dezembro do Jornal Dínamo.

Mais um artigo dedicado à Educação Financeira das Crianças, tema muito explorado pelo Ricardo.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Os Certificados do Tesouro Português

No seguimento do nosso artigo sobre os Certificados do Tesouro, vimos expor um artigo do Professor António Gomes Mota, publicado no Diário Económico. Fundamentalmente, as suas opiniões vão de encontro à nosso opinião e reforçam os nossos argumentos:

Foram recentemente publicadas as condições de aquisição para o mês de Dezembro dos Certificados de Tesouro (CT): 5.40% caso se detenham os títulos por cinco ou mais anos e 6.50% caso se detenha os títulos por dez anos.

(…)

Analisando, enquanto simples investidor individual, estas taxas oferecidas pelos CT, estamos perante uma opção de investimento que deve merecer atenção. Porventura a principal reflexão a fazer é o que pensamos sobre o futuro mais imediato da situação económico -financeira do país. Se tivermos uma expectativa optimista, mesmo que cuidadosa e ponderada, de que com maior ou menor grau de dificuldade, com mais ou menos ajuda externa, conseguiremos evitar o colapso financeiro e entrarmos numa linha de reajustamento orçamental consistente, mesmo que com crescimento económico limitado, estaremos perante um investimento muito interessante. Mantendo-nos no espaço euro, teremos a garantia que continuaremos a viver num ambiente de inflação controlada, a Alemanha e o BCE assegurarão que assim será, e assim, face às taxas oferecidas pelos CT haverá uma elevada probabilidade de se ter taxas reais razoavelmente positivas durante os próximos dez anos, considerando o actual nível de fiscalidade sobre este tipo de aplicações financeiras (21.5% de taxa liberatória inscrita no orçamento acabado de aprovar).

É claro que o investidor mais pessimista olhará para este investimento numa perspectiva diferente. Poderá considerar que haverá num futuro próximo ainda melhores oportunidades, embora se tal se verificar o cenário que então se viver certamente será bem mais incerto do que o atrás descrito, imagine-se apenas, senão o fim do euro, o euro sem Portugal, pelo que os rendimentos reais inerentes às taxas dos CT poderão acabar por se revelar uma desagradável surpresa. Ou poderá nem sequer querer ouvir falar em dívida pública nacional, preferindo antes o conforto da segurança dada por outra soberania europeia, mesmo que recebendo um rendimento significativamente menor. Resta ainda aquele que oscila entre o optimista e o pessimista, atraído por aquele nível de taxas oferecidos pelos CT, mas receoso do que estará aí para vir. Para estes e desde que acreditem que não entraremos em colapso absoluto haverá sempre a segurança de que a qualquer momento poderemos liquidar o investimento (recebendo apenas uma taxa de 1.5%), e aplicar os fundos noutra opção que ache mais interessante.

Ou seja, o investimento nestes produtos poderá fazer sentido, dependendo do nosso perfil de risco (como qualquer investimento) e da nossa visão do futuro da nossa economia, nomeadamente em termos de solvabilidade/capacidade de pagar as nossas dívidas.

Homenagem a Ernani Lopes

Apenas uma nota de homenagem à vida e percurso profissional e pessoal de um dos grandes economistas portugueses: Ernâni Lopes.

Após 4-5 anos de doença prolongada, o economista formado em 1964 pelo ISEG e doutorado em 1982, ganhou grande projecção no cardo de Ministro das Finanças do Bloco Central, tendo sido também um dos grandes impulsionadores da nossa entrada na Comunidade Económica Europeia.

Além das matérias económicas, tinha interesse noutras áreas como a Europa, a Defesa, a Religião e as relações entre Portugal e África.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Os Exchange Traded Funds (ETFs) vs. Fundos de Investimento Convencionais

Neste artigo, iremos expor um artigo que publicamos recentemente no site do Produtos Bancários, que consideramos de exprema relevância nos dias que correm. Recomendamos, também, a leitura deste site, caso procure informações relativas aos vários produtos bancários, disponibilizados em Portugal:
Queremos dedicar um artigo aos Exchange Traded Funds (ETFs), ou em português, fundos de investimento transaccionados em bolsa, pois acreditamos serem uma classe de activos muito pouco conhecida e com grande potencial de criação de valor para o cliente.

Aliás, sabemos bem os motivos pelos quais estes fundos não são conhecidos no mercado: são uma concorrência directa e muito poderosa face aos fundos de investimento disponibilizados pelas várias casas de gestão.

As diferenças entre ETFs e Fundos de Investimento assentam numa diferença de conceito entre as duas classes.

Os ETFs são fundos de gestão passiva, que se destinam a replicar um índice, procurando obter um desempenho muito próximo do índice.Com a maior sofisticação por parte dos clientes, foram surgindo vários tipos de ETFs, que investem em estratégias tão diferentes como posições longas ou curtas no mercado, alavancagem, compra de activos alternativos como matérias-primas, entre outros.

Por seu turno, os fundos de investimento convencionais são considerados fundos de gestão activa. Pretendem, através do recurso a equipas de gestores profissionais, obter desempenhos superiores aqueles dos índices que pretendem replicar. Também existem variadas classes de investimento, como acções, obrigações, matérias-primas, hedge funds… enfim, a evolução tem sido grande.

Somos algo cépticos (e os resultados comprovam-no) em relação à gestão activa, dado acreditarmos que é um jogo que está perdido à partida. É muito difícil fazer melhor que a média e a tentativa de o obter costuma vir associada com dissabores, traduzidos em perdas de rendimento.

O que distingue estes fundos:

DISPARIDADE DE RETORNOS

A diferença conceptual acima referida traduz-se em disparidades de desempenho bastante significativas.

Os ETFs cobram comissões de gestão muito reduzidas e efectuam muito poucas transacções, fazendo apenas as necessárias para rebalancear a carteira com uma periodicidade predeterminada.

Assim, podemos dizer que a taxa global de custos poderá rondar entre os 0,1%-1%. A esta taxa temos de acrescer a taxa inicial de corretagem (para compra do título, a que faremos referência posteriormente, e as comissões de custódia).

Os fundos de investimento convencionais, por seu turno, cobram um conjunto elevado de comissões, como tratado no capítulo Guia de Fundos, podendo atingir taxas globais de custos entre 2%-5%. Uma grande diferença que, a prazo, têm um grande impacto em qualquer estratégia de investimento.

Este diferencial implica que apenas aproximadamente 20% dos fundos de gestão activa conseguem melhores retornos que os ETFs, na mesma classe de investimento.

MOVIMENTAÇÃO/LIQUIDEZ

Uma outra diferença consiste na possibilidade de movimentação destes fundos. Ou seja, os ETFs sendo transaccionados em bolsa, podem ser comprados e vendidos instantaneamente, sendo que os fundos convencionais têm ordens diferidas no tempo, querendo isto dizer que o cliente dá a ordem num dia, a um preço desconhecido, e a liquidação acontece até cinco dias depois.

Claro está que esta diferença poderá representar uma grande desvantagem para os fundos de investimento convencionais, dado que pode implicar na perda de grandes oportunidades de investimento, ou desinvestimento.

TRIBUTAÇÃO

Com a introdução do Plano de Estabilidade e Crescimento, deverão ser feitas alterações em termos de tributação das mais-valias em acções (o ETFs é equiparado a uma acção). Assim, os ETFs perderam a grande vantagem fiscal que tinham, que se traduzia na isenção de tributação de mais-valias ao fim de um ano.

Por seu turno, os fundos convencionais (domiciliados em Portugal) têm a sua tributação dentro do fundo, o que permite uma melhor eficiência fiscal. Contudo, os fundos não domiciliados em Portugal têm o mesmo regime de tributação das acções e dos ETFs.

O QUE FAZER


Os ETFs representam uma boa alternativa de investimento, para quem tem estratégias de investimento mais estáveis e consistentes no tempo, dado que a grande vantagem (comissionamento) só começa a fazer realmente a diferença ao fim de algum tempo (digamos 2 anos, dependendo do montante).

Caso prefira seguir uma estratégia de reforços continuados da sua carteira com alterações regulares à sua composição, poderá utilizar os dois tipos de instrumentos, em simultâneo, procurando aproveitar o que ambos têm de bom.

Somos adeptos de estratégias de investimento mais estáveis, porque acreditamos que são uma melhor forma de obter bons níveis de rendimento, dados os conhecimentos financeiros da generalidade da população. Assim, acreditamos muito nos ETFs e sabemos que deveriam ser uma classe de activos com maior peso na carteira dos investidores. Aliás, o desconhecimento das características destes produtos faz com que se considerem produtos mais arriscados do que os fundos de investimento, o que não é, de todo, verdadeiro.
Leia Também:
Guia de Fundos de Investimento;
Malditos Especuladores;
A Gestão do Risco.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Crise nos Mercados Periféricos Pressionam Bolsas na Europa

Junto anexamos um artigo escrito pelo professor Celso Grisi, cujo blog temos acompanhado com algum interesse. É bastante útil para expor a forma como os nossos irmãos brasileiros lêem as várias notícias e acontecimentos na Europa e nos EUA:
O mercado internacional começa a firmar a convicção de que Portugal e Espanha devem recorrer ao triunvirato europeu, composto por BCE, Comissão Europeia e FMI. Os efeitos esperados são os mesmos dos episódios anteriores protagonizados pela Grécia e Irlanda: pânico e pressões de baixas em todos os preços de ativos.


O mar ficou revolto. As bolsas da Europa vieram para baixo, encerrando a sexta-feira no negativo. Enter as ações, as de commodities foram as que mais sofreram. Paris apresentou desvalorização de 0,84%, Londres caiu 0,53% e Frankfurt com baixa de 0,45%.

Nos Estados Unidos, as bolsas fizeram movimento similar, refletindo as preocupações em relação à dívida portuguesa e espanhola. Foram também decisivas para essa queda, as tensões provocadas pelo conflito entre as duas Coreias. Dow Jones em baixa de 0,85%, o S&P 500 em queda de 0,75% e o Nasdaq Composite em retração de 0,34%.

Em consonância com o esse ambiente incerto e tensionado por acontecimentos políticos e econômicos, os treasuries voltam a ser procurados e têm seus preços em alta. Os títulos de 10 anos do Tesouro norte-americano fecharam a semana com rendimentos de 2,87%, enquanto os títulos de 5 anos apresentavam rendimentos de 1,53% e os de 30 anos alcançaram 4,21%.

O petróleo também caiu, como se poderia esperar. Os contratos de petróleo fecharam em baixa. A cotação do barril do petróleo Brent, negociado no mercado de Londres, fechou a US$ 85,58, o que corresponde à baixa de 0,60% em relação ao dia anterior. Em Nova York, a queda, no dia, foi de 0,12%, cotado a US$ 83,76 por barril. Esses preços podem cair ainda mais em função do comportamento da China no combate a sua inflação interna. O excesso de liquidez, decorrente da oferta abundante de crédito, ainda pode pedir novas intervenções do governo comunista de Pekin. Se isso acontecer, o arrefecimento do ritmo da economia naquele país pode acentuar-se, reduzindo sua taxa de crescimento a algo em torno de 8% ao ano.

O quadro europeu desvalorizou o euro em relação ao dólar. As causas relacionam-se aos problemas econômicos do Velho Continente e não deve ser confundido com guerra cambial.

No Brasil, o sonho de Alice no seu país das maravilhas começa a fazer água. Os juros futuros sobem, sinalizando a preocupação com uma inflação que parece querer sair das mãos do governo federal. O problema é grande em trêss itens: energia, alimentos e construção civil. O mercado já espera por novos aumentos das taxas de juros. As declarações oficiais sobre a correção das contas públicas ainda não pareceram críveis para os investidores. Internacionalmente, a credibilidade do governo foi contaminada pelos efeitos da chamada “ Contabilidade Criativa”. Produzir resultados a partir dos contadores públicos de plantão, realmente não deu certo.

O real refletiu também deterioração da avaliação de nossa economia. O dólar comercial fechou na sexta-feira com alta de 0,35%, cotado a R$ 1,728. A moeda norte-americana ganhou nessa semana 0,52%. Devagar, mas consistentemente, o dólar vem se apreciando. De um lado, essa apreciação reflete o acerto das medidas que elevaram o IOF sobre capitais estrangeiros. De outro, mostra que oa investidores estão preocupados com a estabilidade dos precos e com as informações sobre a economia do país

Informativo

Caros Leitores

Antes de mais, temos de pedir desculpa pela inconstância na apresentação de novos artigos. Contudo, e apesar de não ser desculpa, temos duas grandes notícias para partilhar:

Como saberão os nossos leitores mais antigos, estamos na fase final de edição de um livro dedicado ao tema de finanças pessoais. Os detalhes irão ser apresentados em breve, mas estamos bastante entusiasmados com este projecto, que acreditamos poder vir a ser inovador face ao que tem sido escrito em Portugal sobre este tema, que consideramos insuficiente, dada a sua importância.

Em segundo lugar, e não menos importante e no âmbito da nossa parceria com o site Produtos Bancários, estamos a ultimar o lançamento de um site muito mais poderoso do que temos actualmente. O João construiu-nos o site e estamos, nesta fase a fazer a migração de artigos para lá. Em breve iremos disponibilizar o link. Fica mais um Teaser...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Artigo de Opinião - Leonete Botelho

Antes de mais nada é importante salientar que este comentário é desvinculado de qualquer enviesamento partidário, apenas pretende pedir seriedade e coerência a quem têm nas suas mãos a responsabilidade de informar de forma séria a sociedade civil ( a qual está desiludida e que entrou num longo período de hibernação).

A jornalista Leonete Botelho refere num artigo de opinião que na semana passada foram conseguidos diversos feitos (ao longo da última semana) que “deram um novo fôlego” ao primeiro-ministro (PM), vamos então analisar as razões apontadas pela “jornalista” e o motivo da nossa indignação:

1- “graças aos resultados surpreendentes da evolução da economia”

Basta recordar que a taxa de desemprego actual é: 10,9%, ou seja superior a 600 mil pessoas
Taxa de desemprego dos jovens (15-34anos): 15,5%
Sensivelmente 44% da população vive abaixo do nível de pobreza caso não existam apoios sociais, considerando estas ajudas o valor decresce para 22% ( o que não deixa de ser alarmante)

2- “ligeiro arrefecimento da temperatura financeira”: Recordo que os juros da dívida pública continuam perto dos 7% e todos se questionam se o FMI vai realmente ter que entrar em Portugal…

3- “sucesso diplomático e mediático” e onde “apareceu ao lado dos mais influentes Chefes de Estados” em relação à cimeira da Nato.

Não há margem de dúvida que a cimeira correu bem mas isso em nada eleva ou diminui o desempenho do PM.

Em termos logísticos de organização, as coisas correram bem, sem sobressaltos (mérito a todos aqueles que cooperaram nesse sentido). Em termos diplomáticos houve consenso. Mas se por alguma razão existisse menos consenso em questões da NATO, não poderíamos obviamente responsabilizar o PM pelo menor sucesso do evento, como tal o sucesso não lhe poderá igualmente ser conferido.

Esta valorização além de ser descabida é, ainda, de alguma forma ultrajante para todo o corpo diplomático e a população de uma forma geral (policias, SEF, elementos da organização também velaram pelo sucesso da organização, etc…)

4- “suficientemente revigorado para aguentar sem a necessidade de fazer qualquer remodelação”, afirmação esta que dista menos de uma semana após as declarações do Ministro dos Negócios Estrangeiros ( e o segundo na hierarquia do Governo), nas quais demonstrou “cansaço” e disponibilidade para sair…Abrindo ainda a porta a um entendimento entre partidos para um governo de coligação.

O Ministro das Obras Públicas mostrou nessa mesma semana um total alheamento ao acordo que permitiu a aprovação do OE e desconsideração ao descontrolo das contas públicas, isto porque mantém a vontade de contruir o TGV, a nova ponte….

Já para não salientar no “pequeno lapso” de Teixeira dos Santos em termos do défice antes das eleições…

De forma a manter a nossa imparcialidade, destacamos que a “jornalista” refere alguns pontos que são verdadeiros:

1- “O PM raramente fez remodelações” (Nomeadamente quando o seu ministro das finanças se enganou em relação ao défice)

2- “…economia içada pelo aumento das exportações”.
Como refere o economista João Duque, presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão, “ o bom comportamento das exportações está a ser feito, sobretudo, à custa "da capacidade instalada das empresas". Ou seja, é às empresas que deve ser entregue o mérito porque num quadro de contracção da procura interna, menor liquidez para investimentos (o que determina um elevado custo de recurso à banca), maior dificuldades de cobrança,etc…. é , sem dúvida, com muito suor e “engenho”que se consegue aumentar as exportações…

domingo, 21 de novembro de 2010

Sessão Reforma - Ideias Básicas II

Com algum atraso, retomamos o tema dedicado à reforma, intitulado de "Sessão Reforma - Ideias Básicas I", expomos de seguida algumas sugestões de actuação:

1 - O primeiro passo, antes de começar, será equilibrar as suas finanças pessoais. Fazer um orçamento é essencial, pois irá possibilitar equilibrar as receitas e as despesas, de modo a evitar cair em endividamento ou, por outro lado, a poder dedicar algum rendimento a poupança ou investimento.
2 - De modo a constituir uma poupança, deverá procurar "Pagar Primeiro a Si Próprio", através de uma transferência bancária automática para uma conta específica, a acontecer sempre que recebe o seu rendimento mensal. Deste modo, terá garantida uma poupança, todos os meses.

3 - Acabar progressivamente com o endividamento, sendo a prioridade acabar com as dívidas dos cartões de crédito, pois são as mais onerosas.

4 - Iniciar uma estratégia de investimento, com horizonte temporal mais alargado, destinado a acumular para a reforma. Neste contexto, não esquecer que terá de ter um fundo destinado a algumas situações de emergência. Contudo, este artigo é apenas dedicado à reforma.

4.1 - O tipo de investimento deverá ser enquadrado com a sua idade e consequentemente prazo para a reforma. Disso depende o montante a poupar e o risco que poderá incorrer.
4.2 - Deve constituir uma poupança também com recurso a um activo sem risco, algo essencial para maximizar a relação risco/retorno. Isto é o que nos diz a teoria financeira.
4.3 - De seguida, procurar fundos de investimento em obrigações, evoluindo depois para acções. Se os montantes o justificarem, opte por ETFs, pois são mais eficientes em termos de comissionamento e os retornos são muito mais interessantes. Sendo jovem, deve apostar mais em acções. Contudo, vá constituindo a carteira aos poucos, com reforços pontuais, mas constantes. Não se atire logo de cabeça, pois pode ser o suficiente para "partir a espinha" se errar no momento do mercado.

5 - Se tiver um crédito habitação, não se preocupe em amortiza-lo. A taxa de juro/spread são tão baixos que mais vale investir a amortizar a dívida. Contudo, poderá sempre procurar renegociar o spread, pois pode haver aqui alguma poupança a realizar.

 
6 – Procure ver se faz sentido fazer uma consolidação de créditos (iremos falar posteriormente) pois, contrariamente ao que alguns “especialistas” referem, é uma óptima estratégia de controlo e corte de custos. Com disciplina irá ter uma poupança expressiva.

7 – Reveja os seguros que têm e negoceie. Procure alternativas. As companhias de seguros entram em concorrência umas com as outras e o mais certo é melhorar o produto que tem e cortar custos, em especial no carro.

sábado, 20 de novembro de 2010

Os Dividendos da Portugal Telecom

Com algum espanto tenho lido na imprensa a indignação de alguns deputados e outros relativamente à possibilidade e interesse da PT em antecipar (dizem) o pagamento de dividendos, de modo a evitar a tributação dos dividendos a uma taxa superior.

Neste contexto, importa salientar aqui algumas questões de alguma importância e que alguns optam por esquecer:

1 – É dever da administração da PT maximizar o valor para os seus accionistas. Se tal passa por estas medidas, estão a fazer o seu papel;

2 – É dever de qualquer agente económico tentar encontrar as melhores alternativas para a sua vida, quer seja em termos de investimentos, com nas outras questões mais comezinhas como a educação, a saúde ou o divertimento.

3 – De acordo com toda a legalidade, esta procura dos agentes económicos é legítima e deve ser reforçada;

4 – Percebo a indignação de algumas pessoas. Contudo, esquecem-se de alguns factores, como sendo: (1) não se deve estar sempre e constantemente a atacar os detentores de capital, pois o capital é móvel e facilmente irá para outras paragens (2) a existência de um mercado aberto tem destas coisas. Não podemos apenas procurar as vantagens. Diferenças de tributação criam diferenças de competitividade entre empresas, facto que se tem visto na fraca competitividade das empresas portugueses no estrangeiro (certamente tem muitas outras explicações, mas esta é uma).

5 – Não oiço ninguém a criticar os portugueses que vão abastecer e vão as compras a Espanha, para aproveitar diferenças de taxas de IVA. Também não ouvi ninguém a criticar os cidadãos que compraram automóveis em Dezembro de 2009, pois deste modo aproveitavam o programa de incentivo ao abate de viaturas, incentivo esse com qualidade ou racional muito duvidoso.

Acho extraordinário como é que um se está sempre a atacar as nossas empresas de sucesso, simplesmente porque têm sucesso. Esta é uma atitude claramente portuguesa. Procuramos criticar quem tem sucesso, ao invés de procurarmos melhorar a nossa situação individual. Acho fenomenal como é que se critica a PT por não querer pagar impostos, num país que tem mostrou nos últimos 20-30 anos uma postura completamente irresponsável em termos de despesas e endividamento. Claro que a PT (e eu e todos nós) não queremos pagar a factura dos disparates que têm sido feitos. Ninguém quer pagar a factura. Nem os funcionários públicos que tiveram cortes salariais, nem todos nós que tivemos cortes dos apoios sociais como o abono de família. E muito menos uma empresa que existe para gerar lucros, que paga uma infinidade de impostos, cria emprego e riqueza.

A minha conclusão é: temos de fomentar uma postura de exigência que tem de se basear na exaltação do sucesso, e não pelo seu combate cego e indiscriminado, em nome da busca inconsciente e irresponsável de uma igualdade utópica e injusta.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Guerra de Depósitos

Já aqui falamos sobre a subida do risco soberano dos chamados PIGS. Ou seja, Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha. Já vimos que os investidores estão a exigir mais retorno para emprestar dinheiro aos países e empresas destes países. Assim sendo, porque haveriam os investidores particulares portugueses exigir menos do que é justificado?

Na realidade, vemos que as empresas portuguesas, em especial os bancos, têm mais dificuldade em financiar-se. Deste modo, estão na disposição de oferecer mais pelos seus depósitos a prazo. Como o problema em Portugal não se irá resolver tão cedo, sendo que a tendência será para o Banco Central Europeu e para os nossos parceiros do Euro (em especial Alemanha e França) forçarem os bancos a procurar novas formas de se financiar.

Conclusão, os bancos estão a virar a sua força comercial para os depósitos a prazo. Aproveite a boleia e faça depósitos com prazos mais curtos de modo a aproveitar as referidas subidas, até que esteja satisfeito com as taxas oferecidas. Facilmente poderá obter taxas de 5.5% a 6% (lembro-me de ter feito um depósito no Banif há 1-2 anos por 6%, Certo que a EURIBOR estava a 4%, mas o risco do país estava a 1/4).

Boas poupanças 

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

PF na IMPRENSA

Novidade:

Passamos a incluir nos menus uma área reservada a expor as nossas contribuições na imprensa, após o inicio de algumas parcerias com Jornais locais e Jornais on-line. A ideia será lançar as bases para uma cada vez maior democratização da formação e informação de qualidade nos temas de finanças pessoais.

O que é o Quantitative Easing?

Um video em Inglês, feito por uma cadeia de televisão, a explicar o que é o Quantitative Easing, que em português e sem grandes explicações é uma das formas de os Bancos Centrais (neste caso a Reserva Federal dos EUA) intervirem nos mercados, injectando liquidez. Deste modo, torna possível estimular a economia, ao haver maior disponibilidade de fundos.

Vale a pena ver...


http://globaleconomicanalysis.blogspot.com/2010/11/qe-explained.html

Malditos Especuladores

Gostaríamos de deixar algumas notas tendo por base um artigo publicado por Miguel Sousa Tavares na sua coluna do Expresso, colunista que seguimos com alguma atenção:

É evidente que os celebérrimos 'mercados' são apenas um bando de abutres especuladores, contra o euro ou contra países vulneráveis escolhidos a dedo, que tiram todo o partido que podem da situação. É evidente que, quando tudo isto estiver resolvido, de uma forma ou de outra, o mundo vai ter de encontrar medidas para pôr termo a esse poder sinistro dos especuladores financeiros (que nos lançaram na crise e se aproveitam dela), que roubam o trabalho das pessoas, a poupança das famílias, a riqueza das nações. Ou o fará ou o capitalismo - tal como o conhecemos, fundado nas leis de 'verdade' do mercado - tem os dias contados.
Em primeiro lugar, salientar a definição de Especulador. Na realidade, existe alguma confusão relativamente a este conceito. Um especulador, na sua génese, é um investidor que compra um activo na esperança que este venha a valorizar. Como somos todos pessoas racionais, queremos comprar algo para ganhar dinheiro, e não para perder.

Em segundo lugar, interessa que nos detenhamos um pouco na função dos mercados. Os mercados existem para fazer o encontro das necessidades de financiamento (pelos credores) com as necessidades de investimento (pelos investidores). Em qualquer processo de crédito e investimento, as duas partes têm de avaliar algumas variáveis. O credor tem de avaliar o custo do capital, o que irá definir um patamar máximo para a taxa de juro que está disposto a pagar num crédito. O investidor tem de avaliar o risco que pretende incorrer e a remuneração que exige.

Em terceiro lugar, os mercados encontraram recentemente um instrumento de protecção para o incumprimento de crédito. Quer isto dizer que foram criados seguros para que os investidores se protejam de eventuais falhas no pagamento por parte dos credores. O facto de os mercados estarem num tumulto, actualmente, deve-se à deterioração excessiva das métricas e da qualidade de crédito dos governos. Ora, fará sentido culpar os mercados pelo descontrolo ao nível das finanças públicas dos governos? Isto não será o mesmo que culpar o polícia por não apanhar o ladrão?

É certo que poderiam ser criadas algumas regras para melhor proteger ambas as partes. Contudo, é certo que tem de existir maior controlo sobre a classe política de modo a que seja forçada a tomar as decisões que melhor se enquadrem com as necessidades da estabilidade e sucesso do país.

Finalmente, acusa os especuladores por roubarem o trabalho, a poupança e a riqueza das nações. Mas na realidade, quando subscrevemos produtos de investimento, estamos todos a fazer parte dos mercados. Quando queremos que um investimento seja mais lucrativo, estamos a tornar-nos especuladores. Quando exigimos reformas a 100% na altura da reforma, estamos a recorrer aos mercados para que nos garantam as reformas. Ou seja, todos nós ganhamos ou perdemos, directa ou indirectamente com esta postura dos mercados. Todos somos actores. O problema é que, mais uma vez, quando ganhamos somos uns heróis e quando perdemos a culpa é dos especuladores e dos outros.

Uma última nota. No seu artigo MST fala que as crises são épocas de oportunidades e que nos compete a nós saber aproveita-las. Não podíamos estar mais de acordo.


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Intervenção do FMI?

Teixeira dos Santos, o nosso ministro das finanças, abre a porta a uma intervenção do FMI em Portugal. Já falamos anteriormente sobre esta possibilidade, que vemos com bons olhos, em especial para os cidadãos mais novos, dado induzir um contributo muito favorável para o médio e longo prazos. A acontecer uma intervenção, o curto prazo seria bastante penoso, dado serem necessárias fortes medidas de ajuste da estrutura da nossa economia. Entre eles, podemos assistir a fusões de bancos, mais cortes nos salários ou na força de trabalho da administração pública, o que poderá ainda ser reflectido no tecido empresarial privado.

Parece certo que algo deverá acontecer no curto prazo. O primeiro-ministro já perdeu a força que o caracterizava e deverá estar desejoso para sair de cena. Será sempre recordado por este acontecimento, apesar de poder sempre desculpar-se pelo contexto internacional e culpando os especuladores. Ninguém nos empresta dinheiro e o risco de incumprimento do Estado está em níveis máximos e é certo que alguma coisa tem de ser feita, pois as nossas empresas privadas, muitas delas de grande qualidade e exposição internacional, não se conseguem financiar no exterior. E sem financiamento, já sabemos qual o fim que nos espera.

sábado, 13 de novembro de 2010

A Gestão do Risco

O presente artigo é destinado a expor um conceito bastante interessante que acreditamos não ser bem compreendido: a gestão do risco, numa estratégia de investimento.

Antes de mais, remetemo-lo para a definição de risco já referida noutro artigo. Risco é incerteza, algo que não é mau, por si. Representa um perigo, mas ao mesmo tempo uma oportunidade.

Consideramos que este conceito não é muito compreendido, pois acreditamos que a preocupação dos investidores portugueses tem sido a minimização ou mitigação dos riscos, ao invés da sua gestão. Ou seja, somos da opinião que uma correcta estratégia de investimento de deve focar na estruturação de uma carteira que seja diversificada e enquadrada no perfil de risco do investidor.

E como diversificação, não queremos dizer a compra de vários investimentos com o mesmo nome mas cujas variáveis que os determinam e condicionam são as mesmas. Ou seja, para uma correcta diversificação de investimento, teremos de recorrer a activos que sejam descorrelacionados. O mesmo quer dizer que tenderão a andar em sentidos contrários, em resposta a um mesmo acontecimento. Aliás, a diversificação torna possível trabalhar o risco a nosso favor.

Por outro lado, sentimos que a preocupação das pessoas tem sido a minimização dos riscos. E sabemos que isto é um perigo pois como referimos anteriormente, um risco é um perigo mas ao mesmo tempo uma oportunidade. E sendo uma oportunidade, se não estivermos expostos ao risco, não podemos explorá-la. É simples e intuitivo... mas é algo esquecido.

Como conclusão, sugerimos que pense bem nestes dois conceitos e que se lembre que o mundo apenas evoluiu porque houve pessoas dispostas a arriscar e a ir contra as crenças instituídas na época. O risco é essencial para o progresso, pelo que não o minimize. Gira-o.

Os Mercados Offshore e os Paraísos Fiscais

Antes de mais pedimos desculpa pela ausência de artigos, na última semana. Na realidade, temos estado focados na edição do nosso livro de Finanças Pessoais, que tem de estar concluído até ao final deste mês. Deste modo, o tempo não abunda...

Deixando as desculpas para trás, queremos apenas fazer uma distinção clara entre os mercados offshore e os paraísos fiscais, pois consideramos que existe uma confusão bastante grande neste contexto.

Na sua génese, o mercado offshore designa-se de Euro Mercado. Na prática, é um mercado composto por operadores estabelecidos num pais, mas que operam numa moeda diferente daquela desse país. Ou seja, captam empréstimos em moeda estrangeira e cedem créditos, também eles em moeda estrangeira. A criação deste mercado foi essencial no processo de globalização e contribuiu, em muito, para a redução dos custos de financiamento dos vários agentes económicos, dada o reduzido comissionamento e a concorrência quase perfeita destes mercados.

Por seu turno, um paraíso fiscal é um país com um quadro fiscal mais vantajoso do que o normal, sendo utilizado pelas empresas para reduzir o nível de impostos a que estão sujeitos.

Uma última questão, que exporemos sem tomar qualquer partido. Será que faz sentido criticar os paraísos fiscais? Ou será que é obrigação de todos os agentes económicos a maximização do valor dos seus investimentos, recorrendo aos mecanismos LEGAIS que têm ao seu dispor?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Saco Cheio

Estava hoje a falar com um amigo que me disse uma frase que gostei bastante, e gostaria de partilhar convosco:

"Se esperas receber muito, levas um saco grande. Se levas um saco pequeno, é porque contas receber pouco".

Lembrei-me de partilhar esta frase pois acho bastante reveladora do que se está a passar com o país em geral, e com os portugueses em Particular.

Na realidade, considero isto um alerta e um conselho bastante válido. Alerta-nos para a necessidade de ter horizontes alargados e ser ambiciosos. Aconselha-nos a procurar ir mais além, em perspectivar as coisas em grande, procurando sair da unanimidade e do status quo actual.

E porque é tudo isto relevante? Acredito que para atingirmos objectivos pessoais, temos de ter uma noção de quais são esses objectivos. Aliás, para irmos a algum lado, temos de saber para onde queremos ir. E nas finanças pessoais, torna-se essencial saber onde queremos ir, para focar as nossas atenções e esforços nesses objectivos... e é quando perspectivamos esses objectivos que devemos ser ambiciosos, pois o esforço que empregarmos para os atingir irá levar-nos mais longe.

Fica a reflexão

domingo, 7 de novembro de 2010

Taxa de Utilização do Sub-solo

Um artigo rápido que surge de algo cómico mas ao mesmo tempo preocupante e escandaloso. Então não é que a nossa Câmara Municipal de Lisboa (não sei como é nas outras cidades) se lembrou de criar uma taxa de utilização de sub-solo, a ser paga por todos os clientes da rede de gás (ou seja, todos nós). Ou seja, o solo que é nosso, que nascemos em Portugal, tem agora de ser remunerado a uma empresa que está a comercializar o gás.

Vamos por parte. Quando compramos um café, estamos a remunerar o dono do café pelo serviço que nos presta. Por seu turno, o preço que pagamos inclui não só o lucro do dono do café, mas também todos os custos do serviço, como a mão-de-obra, o custo da limpeza das chávenas, o custo do café. Porque raio é que, com o gás e outros serviços públicos temos de ser sobre carregados com taxas e afins que mais não são do que a procura de pretextos para pagar mais impostos. Ou seja, o preço que pagamos pelo gás não inclui todos os custos do serviço. É isso? Ou estaremos a ser assaltados, mais uma vez?

Podemos aplicar a mesma lógica à taxa de Audiovisual que todos pagamos na conta da electricidade. Ou seja, temos de pagar pela RTP e afins, mesmo que não a vejamos. E para quê? Para termos um péssimo serviço público? E o pior é que o Estado se lembrou de nos aumentar esta taxa, creio que em 30%, pois definiu como medida de austeridade cortar com as transferências para a RTP. Uau... que grande progresso e esforço do Estado. Mas o Estado somos todos nós. Estão a tirar de um lado (mais uma vez, dos nossos bolsos) para reduzir o défice... mais impostos/roubo encapuçado...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sessão Reforma - Ideias Básicas I

Infelizmente, temos sido constantemente recordados dos problemas inerentes ao sistema social na Europa, tudo apontando para que as reformas terão de cair de forma significativa e para que as pessoas tenham de permanente na vida activa por mais anos do que anteriormente esperavam. Antes de mais, queremos deixar claro que este facto se deveu a dois factores:

1. Aumento da esperança média de vida das populações, algo bastante positivo;

2. Alguns erros na gestão por parte do Governo, sendo de destacar os disparates observados em termos de reformas antecipadas e pré-reformas.

Com base nestas premissas, torna-se claro que os cidadãos são agora forçados a tomar as rédeas da sua vida, nomeadamente no que ao investimento diz respeito, numa altura em que a maioria das pessoas não tem nem conhecimentos nem vontade de o fazer. Quem já nos acompanha há algum tempo, saberá do nosso projecto de formação, cujos cursos poderá consultar aqui.

Assim sendo, deixamos algumas referência que consideramos úteis:

DETERMINAR AS NECESSIDADES FUTURAS:

De modo a melhor planear a sua reforma, deverá ser capaz de estimar hoje um determinado nível de vida futuro, sendo este exercício fundamental para saber quanto terá de poupar, todos os anos, para atingir esse objectivo. Neste aspecto, haverá a considerar a existência da inflação e dos juros compostos, que em muito o ajudarão no seu caminho:

• No caso da inflação, ao baixar o valor dos seus empréstimos e em aumentar as suas receitas.

• No caso dos juros compostos, pelo impacto positivo que têm na geração de juros futuros. Como sabe, nesta modalidade, os juros que recebe irão, também eles, gerar novos juros. É o extraordinário impacto do dinheiro a trabalhar para nós…

Na determinação das suas necessidades futuras, existirão algumas variáveis a considerar, como sendo o rendimento mensal que quererá auferir, a idade desejada para a reforma e o tempo que espera possa vir a durar a sua reforma. Com base nesta definição, deverá planear/prever:

Taxa de retorno dos seus activos:

É impossível prever as taxas que os seus investimentos irão auferir, ao longo de toda a vida do seu plano. Adicionalmente, e mais grave, pode acontecer algum factor pouco provável (como a crise actual e o seu forte impacto em termos de retornos de activos) que possa colocar em perigo os seus objectivos.

Tem algumas soluções, como sendo o recurso a planos de reforma com taxas garantidas ou compra de obrigações com determinada taxa de cupão (mantendo-as até à maturidade). Contudo, admitimos que as soluções disponíveis passam sempre por pesar riscos e retornos esperados, algo que não está no âmbito deste artigo, mas certamente que escreveremos algo sobre isso em breve.

Inflação:

Não sabemos que cabaz de produtos conseguiremos comprar com o nosso dinheiro, daqui a vinte ou trinta anos. É o impacto da variação do nível de preços. Certamente que o seu dinheiro irá perder valor, embora seja expectável que o seu rendimento também sofra ajuste mais ou menos com a inflação por baixo. Adicionalmente, e como referido, a inflação tem um impacto positivo ao nível do valor do endividamento. Sugerimos que, na sua análise, considere uma taxa de inflação de 2-2.5% ao ano, pois este é o objectivo do Banco Central Europeu e irá ditar as suas políticas económicas e monetárias.

AUTOMATIZE AS TRANSFERÊNCIAS PARA UMA CONTA SEPARADA:

Como sabemos, o facto de termos dinheiro parado na nossa conta tende a aumentar o nosso desejo consumista, na medida em que nos sentimos mais desafogados ou despreocupados. Neste sentido, encontramos sempre destinos a dar ao dinheiro. Assim, a nossa sugestão pela programação de transferências automáticas para uma conta de poupança, a efectuar no dia em que recebe o seu salário. Deste modo, o dinheiro não fica disponível na conta e nem dá pela sua falta.

EXIGÊNCIA E PERSISTÊNCIA:

Sendo o assunto a sua reforma e a sua qualidade de vida nessa altura, sugerimos que paute a sua actuação sempre por um elevado nível de exigência. Existem factores, no processo de investimento, que controla, pelo que aconselhamos que se foque nesses factores, e seja exigente. Assim, sugerimos:

Aumento da poupança mensal – sempre que possível, faça reforços pontuais na sua poupança, nunca se esquecendo que pode substituir parte das suas despesas por poupança;

Procura de produtos mais eficientes – nunca descanse na procura por produtos mais eficientes para a sua poupança, tanto em termos de risco, retorno ou comissionamento. Podem existir benefícios fiscais em determinado produto, benefícios de transferência de planos poupança reforma, ou simplesmente gestores com maior qualidade.

Finalmente, sendo a reforma um acontecimento distante no tempo, tendemos a descuidar-nos ou a desistir, pois o resultado do nosso esforço não é verificável ou vivido no curto prazo. Contudo, sabemos que uma política de reforço de poupança consistente no tempo é algo essencial para aumentar a probabilidade do sucesso da sua estratégia, traduzido em retornos mais atractivos e menos dependentes do contexto do mercado/economia.

Tendo feito os diagnósticos e apresentado algumas sugestões, pedimos que aguarde por amanhã pelas nossas sugestões de actuação. Entretanto, poderá ir explorando as nossas ferramentas, disponíveis aqui.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Que Assuntos Gostaria de Ver Tratados?

Lançamos aqui um desafio. Gostaríamos de saber quais os assuntos que os nossos leitores gostariam de ver tratados. Neste sentido, sugerimos que nos enviem um e-mail para palaestraformadores@gmail.com ou simplesmente deixem aqui um comentário. Certamente que teremos todo o gosto de endereçar as vossas preocupações e sugestões.

domingo, 31 de outubro de 2010

A Educação Financeira do seu Filho por Mário Cordeiro

Quando falamos da educação financeira das crianças, devemos recorrer também ao aconselhamento dos pediatras. Mário Cordeiro, um dos mais conceituados pediatras portugueses, defende que a crise pode ser um pretexto para ensinar as crianças a distinguir o essencial e o acessório. É altura de mostrar que podem ocupar o seu tempo em actividades sem custos, como passeios ao parque ou á praia. Aliás, defende que estas actividades dão prazer e conhecimento, entretenimento e gozo que não se compram.

Defende também que as crianças têm de aprender a valorizar o que é essencial e a perceber que não são mais felizes por terem mais roupas ou brinquedos. Não é nenhuma novidade, mas nunca é de mais reforçar.

Apesar de defender que a crise deve ser explicada às crianças, de modo a que percebam que os pais têm menos poder de compra, defende também que os pais devem ter o cuidado que mostrar que a crise não irá afectar o bem-estar ou as suas necessidades básicas, de modo a garantir segurança e conforto. A transmissão de noções de causas e consequências e da interdependência de vários fenómenos deve ser uma das preocupações principais dos pais, caso queiram educar filhos responsáveis.

Finalmente, Mário Cordeiro defende que os pais devem evitar lamuriarem e vitimizarem perante as crianças, de modo a não passar a mensagem que os país não conduzem o barco e que não os protegem ou não promovem a sua segurança.

Leia também:
 
A educação financeira do seu filho.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Livro de Finanças Pessoais

Caros Leitores

É com muito gosto que anunciamos que brevemente estará nas bancas o nosso livro de Finanças Pessoais. Será um livro muito completo, dedicado a todos os assuntos de finanças pessoais, não apenas na componente da organização das finanças, mas procurando também aprofundar as questões de poupanças e investimentos... e o mais importante, é que o livro foi feito a pensar nas dificuldades de todo o tipo de pessoas, com uma linguagem simples mas uma componente teórica que não se encontra nos livros já editados

Em breve divulgaremos mais novidades

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Será o Não Acordo Para o Orçamento Algo Mau?

Tendo assistido à palhaçada política inerente à discussão do orçamento de Estado, e ao confronto entre os dois principais partidos do pais, gostaria de deixar aqui algumas reflexões, que considero úteis.

Em primeiro lugar, acredito que esta trapalhada de negociações não tem sido algo inocente, como seria de esperar no mundo político (e indiferente aos impactos politicos, económicos e sociais que induz). Na realidade, o PS tem aproveitado para forçar a corda, tentando passar o ónus da dita crise para o PSD. Ou seja, andaram durante 15 anos a fazer disparates e foi necessário uma crise financeira sem precedentes para por a nú as suas incompetências. Contudo, após estes disparates, não foram capazes de admitir os erros, com excepção de terem admitido que a definição de parcerias público-privadas não foi a mais correcta (apesar de não querem negociá-las, apesar dos impactos enormes que iremos viver no futuro e depois de terem com elas beneficiado alguns grupos económicos nacionais).

Por seu turno, o PSD andou numa posição algo dúbia (pelo menos aparente), ora dizendo que aprovaria o orçamento, ora advogando que o chumbaria. Contudo, e finalmente, percebe-se que a arrogância do governo encostou o PSD à parede, obrigando-o a tomar uma decisão, pelo menos para defender alguns princípios que estão na sua base, na sua estrutura enquanto partido. Por que raio o governo não acedeu em algumas das propostas do PSD? Certamente porque parte delas iria afectar os afectados pelos disparates económicos vivenciados no passado... Ou melhor, como se percebe a incompetência do governo em cortar com a despesa, ao mesmo tempo que pede a todos os portugueses um esforça colossal para combater o problema do endividamento e da fraca estrutura económica nacional? Num ano que se pedem cortes, está o Estado a aumentar a despesa. Será isto compreensível?

Todo este discurso para falar agora nos impactos de uma eventual não aprovação do orçamento (embora acredite que o PSD apenas está a procura de pretextos para se abster na votação sem perder a face). Contrariamente ao que alguns dignatários nacionais têm vindo a advogar, sou favorável a uma não aprovação do orçamento. E os meus motivos são simples:

Em primeiro lugar, porque sou jovem e sou mais favorável a que se resolvam os problemas reais do país, os problemas estruturais, do que se esteja, mais uma vez, a tomar comprimidos que suavizam os impactos mas não resolvem o problema. Sim, porque é necessário aumentar a competitividade do país, e não aumentar impostos e fazer com que os trabalhadores mais qualificados fujam do país (por exemplo),

Em segundo lugar, porque está provado que, quando o estado aumenta impostos, é incapaz de os voltar a reduzir, pois com o aumento de impostos vem sempre um aumento da despesa;

Em terceiro lugar, porque acredito que o peso do Estado na economia é excessivo, sendo este um dos principais problemas do país. Aliás, só este peso do Estado (directo ou por influência) é que justifica não termos uma economia e uma gestão assente no mérito (por contraponto de influências, cunhas e outros);

Em quarto lugar, porque acho que se não tivemos políticos e governantes competentes nos últimos anos, tal não será resolvido de um dia para o outro. Precisamos de uma alteração estrutural no nosso paralelamente e no governo, de modo a garantir que são os mais qualificados e não os políticos de carreira que irão para a política.

Finalmente, após todos estes argumentos (em especial do último) acho que o impulso para a mudança tem de vir de fora. Vimos que este orçamento teve um cunho internacional muito forte e foi necessário sermos pressionados pelos mercados financeiros a apresentar medidas (depois de vários meses a assobiar para o lado e a fingir que nada se passava). Daí achar, talvez ingenuamente, que a entrada do FMI em Portugal é o melhor que nos pode acontecer a médio-longo prazo, pois não vejo forma mais eficaz de abanar com os interesses instituídos, do que uma instituição sem as influências que temos tido, nas últimas décadas, em Portugal (talvez desde o 25 de Abril?).

Nota final - Não estou com este artigo a assumir um lado em termos políticos. Quis apenas expressar algumas opiniões, mais no âmbito económico do que no político. Pelo que se pareceu que tomei algum partido, não o fiz. Neste caso, apenas quis tomar o meu partido e o da minha família e amigos.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Certificados do Tesouro Português

Deixamos aqui a ligação para um artigo de opinião, publicado por nós no site do Produtos Bancários, que poderá ler carregando aqui. Acreditamos que os Certificados do Tesouro são, actualmente, uma óptima alternativa de investimento, para quem deseja poupar para a reforma, numa óptica de Risco/Retorno. Contudo, deixamos o alerta que para valer a pena terá de manter o investimento durante pelo menos 5 anos e que deverá fazer a subscrição quanto antes, pois prevemos que o prémio de risco de crédito de Portugal pode vir a cair de forma consistente nos próximos tempos (o que irá levar à queda da taxa de retorno garantida).

Bons investimentos.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Orçamento Anual

No seguimento da publicação de uma ferramenta de Orçamentação Mensal, a Palaestra Formadores presenteou-nos com uma evolução, materializada num Orçamento Anual. Acreditamos que um orçamento é uma ferramenta essencial para uma correcta organização das suas finanças pessoais. Em breve (esperemos não demorar muito) iremos disponibilizar algumas dicas para a sua elaboração, apesar de aconselharmos que vá pesquisando e tentando preencher este orçamento.

Aconselhamos também a consulta dos cursos de Finanças Pessoais e Poupanças que temos disponível no nossos site. Claramente um bom investimento.

A Educação Financeira do seu Filho

E em pequeno que aprendemos os bons hábitos, como tal deve ser ainda em tenra idade que devemos ser formados para que em adulto sejamos financeiramente responsáveis.

Este post será sucinto uma vez que nos cursos práticos promovidos pela "Palaestra Formadores" cada item será abordado mais em detalhe.

Eis algumas sugestões para a educação financeira dos seus filhos/netos:

1- Abra uma conta para os seus filhos/netos: praticamente todas as instituições financeiras a operar em Portugal dispõem de contas para "os mais novos". Normalmente exigem um montante mínimo de 25 euros e não apresentam qualquer custo de manutenção. Este passo é fundamental para transmitir aos seus filhos/netos a importância de poupar, por outro lado, sendo os seus filhos novos podem beneficiar da capitalização. Já sabe quanto mais cedo melhor...

2- Compre um mealheiro de forma a incutir na criança o hábito de colocar no final do dia as moedas, que por vezes ficam no bolso do casaco, das calças ou as "celebres moedas pretas " que tanto pesam na carteira...

3- Converse com o seu filho/neto sobre as despesas. Por exemplo quando receber a conta mensal da água, explique como esse mesmo valor pode decrescer através de comportamentos individuais (por exemplo ter a torneira fechada enquanto se lava os dentes). Este procedimento ira dotar os mais pequenos de uma maior consciência para a realidade das coisas e, ainda, responsabilizar a criança a adoptar comportamentos que visem a poupança de recursos. Pode ainda alertar que nem todas as crianças do mundo podem ter agua e luz em casa...

4- Dar incentivos correctos ao seu filho para que este tenha comportamentos responsáveis em termos financeiros e que permitam economizar permanentemente. Por exemplo: Por cada euro de poupança na conta mensal da luz existira uma recompensa na mesma proporção (a colocar no mealheiro que lhe comprou)... Se optar por dar uma mesada, já iremos analisar mais em detalhe essa possibilidade, e se no final do mes a criança conseguir atingir o mínimo de poupança acordado, então ira beneficiar de 1/2€ extra por exemplo.

5- Crie critérios no momento de dar presentes. Os presentes não devem ser uma recompensa pela sua ausência; por motivos profissionais por exemplo. Se não existir disciplina, começam a existir maus hábitos e exigências...
Não aconselhamos idas ao supermercado com os seus filhos, mas se isso acontecer seja firme ao dizer não e assim evitar um carrinho cheio de presentes e doces/chocolates desnecessários...

6- Se optar por mesada, deve planear com o seu filho como esta deve ser gerida: quais as despesas que devem ser cobertas, explicar que deve existir uma percentagem (5-10%) destinada a poupança... O valor da mesada deve permitir que a estratégia planeada seja possível de ser levada a cabo, mas se o seu filho gastar mais do que devia (sem razão aparente e plausível) jamais poderá receber um reforço...Esta conivência será "risco moral", que é como quem diz premiar maus comportamentos! A questão da mesada é debatida ao detalhe nas formações, mas deixamos mais uma sugestão: o seu filho necessita compreender que a mesada não é um direito só por si; na realidade deve ter um comportamento que justifique o recebimento da mesada (por exemplo ajudar em pequenas tarefas caseiras) e que devera agradecer..."

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Episódio do South Park sobre a Crise Financeira

Deixamos aqui a ligação para um episódio do SouthPark que consideramos extraordinário. De forma cómica, este episódio retrata uma realidade nada cómica, preocupante até. Divirtam-se

A Realidade Portuguesa

Emigração:

Em 2009, cerca de 11,9 milhões de cidadãos na União Europeia eram imigrantes; dos quais 8,4% eram portugueses. O aumento de desemprego em Portugal ira inevitavelmente levar mais pessoas a optar por mudar de pais para conseguir um emprego…

Saúde:

Segundo um estudo levado a cabo pela Deco em 2009 (inquiridas 1.639 famílias), em cada 10 famílias 6 tiveram dificuldades em continuar tratamentos médicos devido a problemas financeiros. Ainda segundo a DECO: extrapolando podemos concluir que cerca de 650 mil famílias portuguesas estão a enfrentar a situação descrita. Com os cortes anunciados recentemente pelo Governo, a situação ira deteriorar-se…

Poupança:

Cerca de 48% dos portugueses não tem o habito de poupar por não ter rendimento suficiente, segundo um estudo levado a cabo pelo B de Portugal. Estes números podem sugerir uma elevada iliteracia financeira, no entanto espelham igualmente a terrível situação económica do pais com inevitáveis repercussões nas finanças pessoais

Iliteracia financeira:

Um inquérito levado a cabo pelo B. Portugal inquiriu 2 mil consumidores com mais de 16 anos em Portugal continental e Ilhas: - 40% dos inquiridos com conta bancária não sabe quais são as comissões associadas à sua conta de depósito à ordem. - Do universo de pessoas com empréstimo bancário: 22% não sabe a taxa de juro do produto que subscreveu e mais de metade da população não sabe o spread do crédito habitação.

sábado, 16 de outubro de 2010

Simulador de Poupanças

Tendo disponibilizado um exemplar de orçamento mensal, sugerimos agora uma folha de cálculo, muito importante para que ganhe a sensibilidade ao impacto de diferentes taxas de juro e prazos para as suas poupanças. De forma simples, poderá fazer análises que lhe permitirão saber os resultados de uma qualquer estratégia de poupança. Assim, tendo ao seu dispor esta ferramenta chamada Poupanças e Investimentos, irá ver facilitada a construção de uma estratégia de poupança. Claro que o mais difícil será a implementação dessa estratégia, mas para tal também terá o nosso apoio. Sugerimos-lhe a leitura dos Princípios Básicos das Finanças Pessoais e que fique atento ao este blog, pois no futuro próximo esperamos publicar alguns artigos sobre orçamentação. Finalmente, porque não fazer um curso de Finanças Pessoais e Poupanças, ou um curso sobre Investimentos e Mercados Financeiros? Fica a sugestão.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Guia de Fundos de Investimento

A crescente sofisticação financeira dos portugueses tem sido acompanhada, como não poderia deixar de ser, de uma crescente oferta de produtos financeiros por parte das instituições financeiras. Desde modo, poucos serão os clientes que não terão ouvido falar de Fundos de Investimento, pelo que sentimos a necessidade de aprofundar um pouco este tema.

Acreditamos ser muito relevante um correcto esclarecimento dos nossos leitores pois, da nossa experiência enquanto profissionais do sector financeiro, somos confrontados com questões dos clientes (ou possíveis clientes), desconhecedores da dinâmica de funcionamento e valorização destes activos. Numa primeira fase, é essencial haver alguma prudência na subscrição destes produtos, pois tal facto terá de ser consistente com uma estratégia de investimento coerente com o nosso perfil de risco e horizonte temporal de investimento. Numa segunda fase, contudo, poderemos considerar o investimento em fundos, caso sejamos capazes de compreender os riscos e potencialidades destes mecanismos.

Mas afinal, o que são e em que consistem os fundos de investimento?

Um Fundo de Investimento mais não é do que um sistema de investimento colectivo, que permite a um conjunto de investidores unir o seu capital num instrumento comum. Deste modo, não só repartem riscos e benefícios, como também ganham acesso a uma equipa de profissionais exclusivamente dedicada à gestão desses riscos, equipa essa que procura identificar as melhores alternativas de investimento, em cada momento do tempo. Naturalmente que este serviço é pago, através de um conjunto de comissões.

Detenhamo-nos nas vantagens deste tipo de produtos para os diversos intervenientes. Do lado do cliente, adquire o acesso a instrumentos de investimento que, de outro modo, poderia ser impossível (tanto em termos operacionais, como de custos e tempo). Por outro lado, induz alguma despreocupação e conforto, dado não necessitar de um acompanhamento regular, muito consumidor de tempo, em troca de um custo “invisível”. Ou seja, o cliente não necessita de dispor de tempo para gerir e acompanhar o mercado, nem necessita de todo o conhecimento para acompanhar as variáveis que afectam esse investimento.

Para a instituição financeira, ou entidade gestora, os benefícios são bastante superiores e traduzem-se em comissões. Estas comissão não servem apenas para fazer face aos custos da gestão (salários dos gestores, transacções de bolsa, pagamento da estrutura de apoio e comercial) mas também destinam-se a garantir um retorno muito generoso, especialmente se comparado com o valor criado para o cliente.

Os custos mais comuns são:

• Comissões de Subscrição – devida no momento da compra de unidades de participação e na generalidade dos fundos situam-se entre 0 e 3,5%;

Comissão de Resgate – devida no momento de venda de unidades de participação e normalmente só existem quando o prazo médio de duração de investimento não é cumprido pelo investidor;

Comissão de gestão – por norma esta comissão é anual e destina-se a compensar o trabalho da equipa de gestão ou da Sociedade Gestora;

Comissão de performance – comissão pouco comum nos fundos convencionais. Pode ter duas faces da medalha. Por um lado, estimulam a equipa gestora para a obtenção de resultados melhores. Por outro, podem induzir um nível demasiado elevado de risco, de modo a obter esses mesmos resultados.

Custos de Transacção – As operações de compra e venda de títulos implicam custos de corretagem, que são suportados pelo cliente. Dependendo da classe de activos, estas comissões/custos podem representar até 2-3% do montante anual sob gestão.

Salientamos que existem algumas diferenças no que diz respeito ao comissionamento e tributação, se estivermos a falar de entidades gestoras nacionais ou internacionais. Na realidade, as entidades internacionais não têm o hábito de cobrar comissões de subscrição e de resgate. Contudo, dado os fundos serem registados em mercados com tributação favorável (Luxemburgo, Andorra, Ilhas Caimão), há lugar à tributação das mais-valias aquando da venda do fundo. Por outro lado, as entidades gestoras nacionais têm a possibilidade de maior eficiência fiscal.

Como podem verificar a oferta nos bancos relativa a fundos de investimento pode ser variada e de igual modo os encargos com a subscrição e resgate de tais produtos pode tomar diferentes proporções consoante o tipo de fundo.

TIPOS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO

Como referimos, têm sido criados cada vez mais fundos de investimento, de modo a fazer face a uma procura crescente por parte dos clientes, bem como à identificação por parte das entidades gestoras de novas fontes de comissões. Podemos resumir, de forma simplista, os fundos nas seguintes classes:

• Fundos de Índices;

• Fundos de Acções;

• Fundos de Obrigações;

• Fundos Mistos;

• Fundos de Fundos;

• Fundos de Matérias-Primas;

• Fundos de Moeda;

• Fundos Imobiliários.

Naturalmente que nem todos estes produtos são eficientes ou adequados a todo o tipo de investidores. Deste modo, deverá procurar algum aconselhamento (por alguém da sua extrema confiança) e muita ponderação. Futuramente iremos transmitir algumas noções de como avaliar o desempenho dos vários gestores (índices de Sharpe, Treynor, Alfa, Information ratio).

Dentro desta tipologia, podemos distinguir, também, os fundos abertos e os fundos fechados.

FUNDOS ABERTOS

Fundos que permitem a livre entrada e saída de fundos, em qualquer momento do tempo. Como referimos em outro artigo, gozam de elevada liquidez.

FUNDOS FECHADOS

Composto por um número predeterminado de unidades de participação, fixado no momento da sua constituição Durante um determinado período, os investidores podem subscrever estes produtos, sendo que depois ficam com uma reduzida liberdade para resgatar/subscrever novas posições.

Existem vantagens e desvantagens nas duas modalidades referidas. Contudo, para a maioria dos investidores, a proposta mais vantajosa deverá ser a subscrição de fundos abertos, dada a sua maior liquidez, muitas vezes essencial para fazer face a necessidades inesperadas de liquidez.