domingo, 1 de agosto de 2010

Finanças Comportamentais

Iniciamos com este post a colecção de artigos na temática de Finanças Comportamentais. Não somos nenhuns peritos nestes assuntos, embora bastante interessados, dada a sua crescente aceitação como mecanismo indispensável de melhoria das decisões financeiras. Sendo a nossa especialidade os investimentos, acreditamos que é fundamental alertar para a importância desta temática.

Como referido, as finanças comportamentais têm ganho um número crescente de adeptos, correndo o risco de ser considerado um tema da moda, pelo que facilmente esquecido. Contudo, a lógica para a sua crescente aceitação prende-se com o facto do comportamento humano seguir determinados patrões. Muitas vezes somos irracionais, mas o mais interessante é que somos previsivelmente irracionais. Cometemos os mesmos erros de forma consistente no tempo. Daí que a tentativa de nos conhecermos enquanto pessoas e enquanto investidores, de percebermos como tomados decisões e os erros que cometemos nesse processo, permitir-nos-á criar um processo sistemático para a tomada de decisões, correcto e consistente no tempo.

Benjamin Graham, aquele que é considerado o “pai” do investimento em valor disse certo dia que “provavelmente um dos maiores inimigos do investidor é próprio”. Esta afirmação pode ser sustentada ao considerarmos os dois sistemas em operação no nosso cérebro: o sistema emocional e o sistema racional.

O sistema emocional consiste na abordagem da emoção ao processo de tomada de decisão. Na realidade, é o primeiro sistema a entrar em funcionamento, sendo toda a informação filtrada por ele antes de ser processada pela razão. Assim sendo, os inputs do sistema terão de ser pouco complexos, sendo de destacar a familiariedade e a semelhança. No entanto, a sua simplicidade permite o tratamento de uma grande quantidade de informação, embora as suas respostas apenas estejam aproximadamente correctas.

Por outro lado, o sistema racional envolve um processo mais lógico e dedutivo de tratamento da informação. Naturalmente que, dada a sua complexidade, o sistema racional consegue solucionar menos problemas e tratar menos informação em simultâneo. Contudo, os resultados tendem a ser melhor trabalhados e mais precisos.

Finalmente, estudos realizados por neurocientistas demonstram que as partes do cérebro associadas ao sistema emocional são muito mais velhas (em termos de evolução) que as partes associadas ao sistema racional. Quer isto dizer que o ser humano desenvolveu primeiro a necessidade de emoção, tendo depois evoluido para a procura pela razão e lógica das coisas.

Onde queremos chegar com tudo isto?

Nesta altura, queremos apenas salientar a importância de percebermos, não só a existência destes dois sistemas, mas também da sua importância enquanto influência clara no processo de tomada de decisão. Futuramente, procuraremos expor alguns erros comummente cometidos pelos investidores, muitos deles profissionais, retirando daí algumas conclusões. No entanto, por agora, ainda estamos a lançar as bases do trabalho que procuraremos desenvolver consigo.

Nota: Esta exposição foi elaborada com o apoio do livro “The little book of behavioral investing” cuja leitura recomendamos vivamente.

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