domingo, 19 de dezembro de 2010

O aumento dos custos da electricidade e a maior competitividade do país

Recentemente, no seguimento do nosso artigo que comenta as necessidades de flexibilização do mercado laboral, fomos informados do aumento dos preços da electricidade em Portugal, quer para empresas quer para os particulares. Algumas reflexões:

1 – Em 2010, os preços de electricidade em todos os países da Europa sofreram uma queda expressiva. Em Portugal tal não acontece dado o aumento do peso das energias renováveis e dada a protecção de preço patente nos contratos de concessão da EDP (não discutimos as suas valências).

2 – Quando se fala em competitividade e depois da tentativa de baixar os salários dos trabalhadores, esta notícia surge em contraciclo. Na realidade, o custo com energia é um dos principais custos das empresas (especialmente indústrias), e é bem capaz de compensar o corte dos salários. Aliás, o governo está a cortar salários, ao mesmo tempo que os custos sobem.

3 – Percebo o racional da subida dos preços da electricidade. Contudo, o que me questiono é sobre a nossa aposta cega e com pouca lógica económica nas energias renováveis. Ou seja, estamos a subsidiar uma forma de geração de electricidade, que faz algum sentido em termos de ambiente mas que não se enquadra com o nível de riqueza (ou será pobreza?) do país.

4 – Esta aposta nas energias renováveis é bastante interessante no seu modelo, na medida em que implica que o Estado concede um benefício para incentivar a construção de parques eólicos que, de outro modo, não seriam lucrativos. A minha questão, contudo, prende-se com a passagem de todos e quaisquer riscos do empreendedor para o Estado. Assim, porque raio se estão a possibilitar retornos superiores a 10% a investimentos sem risco?

A conclusão: continuamos com problemas de prioridades, possibilitamos aos privados investimentos com alto rendimento e sem risco e continuamos sem avaliar a atractividade financeira das nossas opções. Ou seja, perpetuamos os nossos problemas, numa postura de novo-rico irresponsável.

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