sábado, 18 de dezembro de 2010

Flexibilização do Mercado de Trabalho

Muito se tem falado em Portugal, nos últimos tempos, da necessidade de flexibilizar o mercado laboral, numa tentativa de aumentar a competitividade das empresas portuguesas. Adicionalmente, o governo optou, recentemente, pelo corte dos salários dos funcionários públicos, tentando levar as empresas privadas a seguir o mesmo exemplo.

Alguns pensamentos que gostaria de transmitir:

1 – Na realidade, o mercado de trabalho em Portugal é pouco flexível, na medida em que é impossível ou quase impossível despedir um trabalhador pouco ou não-eficiente. Isto é verdade;

2 – Nos últimos anos, o custo real do trabalho em Portugal e em especial na administração pública, tem subido de forma expressiva (em 2009 situou-se entre 5-6%), ao mesmo tempo que a produtividade não reage a esse aumento. Aliás, um problema crónico das economias é a persistência de alguns sindicatos com filiação política, que usam os trabalhadores e as manifestações como arma de arremesso, assumindo posturas claramente irresponsáveis e perigosas, a prazo.

3 – A tentativa de ingerência do governo nas empresas é algo que tem de nos preocupar. Aliás, qualquer agente económico corre sempre a tentação de controlar tudo o que puder. Contudo, convém não esquecer que o governo não foi capaz de controlar as contas públicas, tomar medidas estruturantes ou corrigir os problemas do país. Deste modo, o que o leva a tentar ou se quer ousar condicionar os salários dos privados?

4 – Os salários dos trabalhadores privados é dependente da lei da oferta e da procura e, tendencialmente, deverá assentar em questões de lucratividade das empresas. Ou seja, enquanto que no Estado a preocupação é de prestar um serviço à sociedade (esperemos) nas empresas a preocupação é gerar rendimento e lucros.

5 – Não esquecer que nas empresas privadas, os trabalhadores sofrem de um risco de despedimento, pelo que os salários deveriam ser superiores aos da função pública.

6 – Finalmente, deveríamos procurar focar mais a nossa atenção na qualidade das equipas de gestão (quer de topo, quer intermédias), na medida em que é necessário motivar as equipas e procurar orientar e dirigir para um determinado caminho, de forma inteligente e sábia. Contudo, os nossos gestores são de uma qualidade muito baixa…

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