quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Tolerância de Ponte em Portugal

Com pouca surpresa li nas notícias que o governo irá dar tolerância de ponte aos funcionários públicos, nos dias 24 e 31 de Dezembro. Note-se bem que apenas os funcionários públicos têm direito a esta “borla”, que nada abona a favor da produtividade do sector.

Muito se tem falado de problemas de competitividade no país, especialmente culpando-se o sector público pelo peso que tem na economia e pela reduzida produtividade de cada um dos seus trabalhadores. É certo que podemos alegar falta de motivação das pessoas, mas não consigo perceber como é que um conjunto de trabalhadores que tem acesso a promoções automáticas na carreira (independente do desempenho), aumentos salariais mais ou menos garantidos ou a segurança total do emprego (não há despedimentos na função pública) não se consegue motivar e “vestir a camisola”.

Não acredito, contudo, que a culpa das maleitas do país é dos funcionários públicos, pois sei que um dos nossos principais problemas é a fraca qualificação e a elevada incompetência dos nossos gestores. Apesar disso, defendo que se deve procurar alguma razoabilidade.

Não defendo que as pessoas não devam tirar os dias 24 e 31. Defendo, contudo, que se o querem fazer, devem tirar um dia de férias, como o fazem os trabalhadores do privado. Porque raio estão os contribuintes a pagar por meio milhão de trabalhadores que tem a possibilidade de tirar estes dois dias de descanso? Não é o trabalho uma relação directa entre receita e custo? Ou entre benefício social e custo associado? Convenhamos que os trabalhadores têm direito ao seu descanso, mas se juntarmos as tolerâncias de ponte com os 14 feriados que os portugueses têm direito… temos aqui uma “borla”.

Finalmente, alguns podem alegar que noutros países da Europa há tantos ou mais feriados. É verdade. E também, nesses países os trabalhadores saem do trabalho às 17h. Só que não podemos querer ter os dois mundos. Se não produzimos e se ocupamos muito do nosso tempo de trabalho em cafés, em conversas particulares ou em almoços… temos de ficar mais tempo no local de trabalho. Ou estarei errado?

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