quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Guia de Fundos de Investimento

A crescente sofisticação financeira dos portugueses tem sido acompanhada, como não poderia deixar de ser, de uma crescente oferta de produtos financeiros por parte das instituições financeiras. Desde modo, poucos serão os clientes que não terão ouvido falar de Fundos de Investimento, pelo que sentimos a necessidade de aprofundar um pouco este tema.

Acreditamos ser muito relevante um correcto esclarecimento dos nossos leitores pois, da nossa experiência enquanto profissionais do sector financeiro, somos confrontados com questões dos clientes (ou possíveis clientes), desconhecedores da dinâmica de funcionamento e valorização destes activos. Numa primeira fase, é essencial haver alguma prudência na subscrição destes produtos, pois tal facto terá de ser consistente com uma estratégia de investimento coerente com o nosso perfil de risco e horizonte temporal de investimento. Numa segunda fase, contudo, poderemos considerar o investimento em fundos, caso sejamos capazes de compreender os riscos e potencialidades destes mecanismos.

Mas afinal, o que são e em que consistem os fundos de investimento?

Um Fundo de Investimento mais não é do que um sistema de investimento colectivo, que permite a um conjunto de investidores unir o seu capital num instrumento comum. Deste modo, não só repartem riscos e benefícios, como também ganham acesso a uma equipa de profissionais exclusivamente dedicada à gestão desses riscos, equipa essa que procura identificar as melhores alternativas de investimento, em cada momento do tempo. Naturalmente que este serviço é pago, através de um conjunto de comissões.

Detenhamo-nos nas vantagens deste tipo de produtos para os diversos intervenientes. Do lado do cliente, adquire o acesso a instrumentos de investimento que, de outro modo, poderia ser impossível (tanto em termos operacionais, como de custos e tempo). Por outro lado, induz alguma despreocupação e conforto, dado não necessitar de um acompanhamento regular, muito consumidor de tempo, em troca de um custo “invisível”. Ou seja, o cliente não necessita de dispor de tempo para gerir e acompanhar o mercado, nem necessita de todo o conhecimento para acompanhar as variáveis que afectam esse investimento.

Para a instituição financeira, ou entidade gestora, os benefícios são bastante superiores e traduzem-se em comissões. Estas comissão não servem apenas para fazer face aos custos da gestão (salários dos gestores, transacções de bolsa, pagamento da estrutura de apoio e comercial) mas também destinam-se a garantir um retorno muito generoso, especialmente se comparado com o valor criado para o cliente.

Os custos mais comuns são:

• Comissões de Subscrição – devida no momento da compra de unidades de participação e na generalidade dos fundos situam-se entre 0 e 3,5%;

Comissão de Resgate – devida no momento de venda de unidades de participação e normalmente só existem quando o prazo médio de duração de investimento não é cumprido pelo investidor;

Comissão de gestão – por norma esta comissão é anual e destina-se a compensar o trabalho da equipa de gestão ou da Sociedade Gestora;

Comissão de performance – comissão pouco comum nos fundos convencionais. Pode ter duas faces da medalha. Por um lado, estimulam a equipa gestora para a obtenção de resultados melhores. Por outro, podem induzir um nível demasiado elevado de risco, de modo a obter esses mesmos resultados.

Custos de Transacção – As operações de compra e venda de títulos implicam custos de corretagem, que são suportados pelo cliente. Dependendo da classe de activos, estas comissões/custos podem representar até 2-3% do montante anual sob gestão.

Salientamos que existem algumas diferenças no que diz respeito ao comissionamento e tributação, se estivermos a falar de entidades gestoras nacionais ou internacionais. Na realidade, as entidades internacionais não têm o hábito de cobrar comissões de subscrição e de resgate. Contudo, dado os fundos serem registados em mercados com tributação favorável (Luxemburgo, Andorra, Ilhas Caimão), há lugar à tributação das mais-valias aquando da venda do fundo. Por outro lado, as entidades gestoras nacionais têm a possibilidade de maior eficiência fiscal.

Como podem verificar a oferta nos bancos relativa a fundos de investimento pode ser variada e de igual modo os encargos com a subscrição e resgate de tais produtos pode tomar diferentes proporções consoante o tipo de fundo.

TIPOS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO

Como referimos, têm sido criados cada vez mais fundos de investimento, de modo a fazer face a uma procura crescente por parte dos clientes, bem como à identificação por parte das entidades gestoras de novas fontes de comissões. Podemos resumir, de forma simplista, os fundos nas seguintes classes:

• Fundos de Índices;

• Fundos de Acções;

• Fundos de Obrigações;

• Fundos Mistos;

• Fundos de Fundos;

• Fundos de Matérias-Primas;

• Fundos de Moeda;

• Fundos Imobiliários.

Naturalmente que nem todos estes produtos são eficientes ou adequados a todo o tipo de investidores. Deste modo, deverá procurar algum aconselhamento (por alguém da sua extrema confiança) e muita ponderação. Futuramente iremos transmitir algumas noções de como avaliar o desempenho dos vários gestores (índices de Sharpe, Treynor, Alfa, Information ratio).

Dentro desta tipologia, podemos distinguir, também, os fundos abertos e os fundos fechados.

FUNDOS ABERTOS

Fundos que permitem a livre entrada e saída de fundos, em qualquer momento do tempo. Como referimos em outro artigo, gozam de elevada liquidez.

FUNDOS FECHADOS

Composto por um número predeterminado de unidades de participação, fixado no momento da sua constituição Durante um determinado período, os investidores podem subscrever estes produtos, sendo que depois ficam com uma reduzida liberdade para resgatar/subscrever novas posições.

Existem vantagens e desvantagens nas duas modalidades referidas. Contudo, para a maioria dos investidores, a proposta mais vantajosa deverá ser a subscrição de fundos abertos, dada a sua maior liquidez, muitas vezes essencial para fazer face a necessidades inesperadas de liquidez.

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