terça-feira, 24 de agosto de 2010

Comprar ou Arrendar casa?

Existe uma questão com a qual a grande maioria das pessoas, em algum momento da sua vida, se interroga: comprar ou arrendar uma casa?
A recente crise financeira foi determinante no despertar das consciências para uma maior ponderação no momento de tomar esta decisão. No entanto, mesmo antes deste tumulto financeiro, o cuidado da análise já era importante, por se tratar de uma decisão que envolve não só uma quantia avultada, mas também muitas obrigações, por um largo período de tempo (prestações, seguros, produtos de cross selling...).

Antes da referida crise, regularmente, quem optava pelo arrendamento era desincentivado (pelos amigos ou familiares, com um parco conhecimento financeiro) pelo simples facto de se considerar um desperdício pagar-se por algo que nunca seria nosso. Não defendemos que tal não é verdadeiro, embora aconselhemos muita ponderação e alguns cálculos.

Analisemos então esta questão:

Aquisição:

Preço de aquisição: Não devemos apenas considerar o preço do imóvel, mas também as despesas acessórias, nomeadamente impostos e taxas associadas com a escritura. Geralmente, estes extras, aumentam o preço da casa em 5-10%;

O usufruto da casa envolve decorar a casa, comprar electrodomésticos, entre outros. É mais uma parcela a acrescentar ao valor base, algo que, muitas vezes, já está incluído num arrendamento;

Os custos de manutenção da casa, bem como os impostos municipais, esgotos e afins, são suportados pelos proprietários;

Na aquisição, existem inevitáveis encargos com seguros, como sendo seguro de vida, seguro de recheio, seguro de paredes;

A aquisição com recurso a financiamento implica um custo financeiro, tanto maior quanto maior o número de anos do empréstimo. Não esquecer que, quem adquire uma casa com recurso a empréstimo, não pode ignorar os efeitos de variações das taxas de juro, quer positivas quer negativas;

A compra de um imóvel implica a compra de um activo (alguns teóricos consideram-no um passivo) com baixo nível de liquidez (a possibilidade de transformar esse activo em dinheiro). Assim, em momentos de crise financeira e consequente baixa do mercado (com queda do preço das casas e das taxas de juro), a baixa liquidez destes activos pode implicar na realização de uma menos vaia, em caso de venda;

Arrendamento:

No caso do arrendamento, tem de considerar a necessidade de ter um fiador ou, caso contrário, um seguro, que poderá representar um custo adicional, muitas vezes com valor entre 6-10% do valor total do arrendamento;
Maior independência financeira face aos bancos;
Maior independência em termos de emprego, possibilitando mudar de local de trabalho em termos geográficos. Recordemos, neste aspecto, o elevado número de portugueses que opta por ir para o estrangeiro;
Apesar de não pagar prestação ao banco, irá pagar uma prestação/renda a um investidor, que irá requerer um retorno adequado para o risco que está a incorrer. Embora o inquilino consiga reduzir o risco para o investidor (através de seguro ou fiador), sabemos que o nosso mercado de arrendamento é muito ineficiente e que os proprietários requerem rendas desproporcionais. Alguma negociação é necessária.
A
Conclusões e recomendações:
A
Em primeiro lugar, defendemos um planeamento a longo prazo, tanto da vida como da família. Dependendo dos seus objectivos em termos de número de membros do agregado familiar e em termos de carreira (nacional/internacional). Se desejar ter uma família numerosa, sugerimos que equacione o arrendamento no início, passando depois para uma casa maior, quando o seu nível de rendimento o permita.
A
Em segundo lugar, faça algumas contas. O fundamental é saber o custo total da posse de um activo (renda, manutenção, impostos, taxas e outros custos associados) e comparar com a renda proposta pelo proprietário. Não se esqueça que a flexibilidade e o menor risco do arrendamento, têm um preço, que deverá ser reflectido no diferencial da renda mensal.
A
Um terceiro ponto que importa reter. O caso prático da compra de imóveis envolve algo bastante relevante: o preço do activo está intimamente ligado à disponibilidade de financiamento por parte dos bancos. Ou seja, é dos bens cujo valor não depende apenas da sua qualidade mas também da abertura do bancos para emprestar. Deste modo, crises financeiras tendem a aumentar o impacto negativo da economia nos preços.

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