Parte I: Vista por nós“Como medir o sucesso?”. Pergunta simples mas de resposta menos óbvia. Nada como recorrer a um pequeno exemplo:
Consideremos uma turma de 10 alunos, no entanto esta turma tem comportamentos muito pouco animadores: os alunos são pouco rigorosos, não estudam e procuram fazer os exames sem qualquer tipo de preparação, apenas respondendo com ideias momentâneas e desenquadradas das temáticas centrais. Ora, nesta turma foi necessário escolher um aluno para representar a turma, acabando por se seleccionar o único a não ter tudo negativas. Na realidade só tinha uma positiva, mas não deixa de ser o melhor da turma.Esta história ilustra bem que o sucesso é relativo, como se sabe, porque é importante salientar qual a referência comparativa (ou benchmark).
Recentemente ao se definir (pelo Ministro das Finanças) a barreira dos 7% como o limite máximo do sustentável, ao nível dos juros da dívida pública, claro que tudo o que ficar abaixo será “comparativamente” um sucesso!
Recordamos que os juros da dívida pública ( a 10 anos):
• A 31 de Dezembro de 2009: os juros das obrigações do tesouro fecharam na média de 4,069;
• Esta semana: os juros das obrigações do tesouro atingiram o valor médio de 6,7%;
Estes números só por si são claros que é insustentável produzir para alimentar o custo financeiro da dívida:
Imaginemos que adquiriu uma casa de 200.000 €.
• Se pagar (durante 10 anos) a taxa de juro anual de 4,0690%, irá pagar, no final irá pagar: 298.018
• Alternativamente, se pagar (durante 10 anos) a taxa de juro anual de 6,7%, no final irá pagar: 382. 537,65€
Mas a dívida portuguesa não é 200.000 €!!! A dívida directa do estado no final de 2010 era de 151.774.628.631€.
PS- o valor actual da dívida é de aproximadamente 92% do PIB.O aumento em valor no ano passado foi de 19.028.221.104€ , o que dá uma média diária de 52.132.113€.
Este é o sucesso descrito internamente!
Parte II: Vista pelos outrosDeixamos ainda algumas expressões de Paul Krugman (prémio Nobel da Economia em 2008):.
Enquanto em Portugal se considerou o dia e a operação um sucesso, o reconhecido economista refere: “Mais uns sucessos como este e a periferia europeia será destruída.”
Segundo o mesmo economista : “fardo do pagamento de juros crescentes sobre uma economia que provavelmente enfrentará anos de uma deflação opressora” devido à dívida.
Esta é a realidade vista de fora (já agora por um Economista que foi condecorado pelo Nobel da economia recentemente…)!