segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Crise nos Mercados Periféricos Pressionam Bolsas na Europa

Junto anexamos um artigo escrito pelo professor Celso Grisi, cujo blog temos acompanhado com algum interesse. É bastante útil para expor a forma como os nossos irmãos brasileiros lêem as várias notícias e acontecimentos na Europa e nos EUA:
O mercado internacional começa a firmar a convicção de que Portugal e Espanha devem recorrer ao triunvirato europeu, composto por BCE, Comissão Europeia e FMI. Os efeitos esperados são os mesmos dos episódios anteriores protagonizados pela Grécia e Irlanda: pânico e pressões de baixas em todos os preços de ativos.


O mar ficou revolto. As bolsas da Europa vieram para baixo, encerrando a sexta-feira no negativo. Enter as ações, as de commodities foram as que mais sofreram. Paris apresentou desvalorização de 0,84%, Londres caiu 0,53% e Frankfurt com baixa de 0,45%.

Nos Estados Unidos, as bolsas fizeram movimento similar, refletindo as preocupações em relação à dívida portuguesa e espanhola. Foram também decisivas para essa queda, as tensões provocadas pelo conflito entre as duas Coreias. Dow Jones em baixa de 0,85%, o S&P 500 em queda de 0,75% e o Nasdaq Composite em retração de 0,34%.

Em consonância com o esse ambiente incerto e tensionado por acontecimentos políticos e econômicos, os treasuries voltam a ser procurados e têm seus preços em alta. Os títulos de 10 anos do Tesouro norte-americano fecharam a semana com rendimentos de 2,87%, enquanto os títulos de 5 anos apresentavam rendimentos de 1,53% e os de 30 anos alcançaram 4,21%.

O petróleo também caiu, como se poderia esperar. Os contratos de petróleo fecharam em baixa. A cotação do barril do petróleo Brent, negociado no mercado de Londres, fechou a US$ 85,58, o que corresponde à baixa de 0,60% em relação ao dia anterior. Em Nova York, a queda, no dia, foi de 0,12%, cotado a US$ 83,76 por barril. Esses preços podem cair ainda mais em função do comportamento da China no combate a sua inflação interna. O excesso de liquidez, decorrente da oferta abundante de crédito, ainda pode pedir novas intervenções do governo comunista de Pekin. Se isso acontecer, o arrefecimento do ritmo da economia naquele país pode acentuar-se, reduzindo sua taxa de crescimento a algo em torno de 8% ao ano.

O quadro europeu desvalorizou o euro em relação ao dólar. As causas relacionam-se aos problemas econômicos do Velho Continente e não deve ser confundido com guerra cambial.

No Brasil, o sonho de Alice no seu país das maravilhas começa a fazer água. Os juros futuros sobem, sinalizando a preocupação com uma inflação que parece querer sair das mãos do governo federal. O problema é grande em trêss itens: energia, alimentos e construção civil. O mercado já espera por novos aumentos das taxas de juros. As declarações oficiais sobre a correção das contas públicas ainda não pareceram críveis para os investidores. Internacionalmente, a credibilidade do governo foi contaminada pelos efeitos da chamada “ Contabilidade Criativa”. Produzir resultados a partir dos contadores públicos de plantão, realmente não deu certo.

O real refletiu também deterioração da avaliação de nossa economia. O dólar comercial fechou na sexta-feira com alta de 0,35%, cotado a R$ 1,728. A moeda norte-americana ganhou nessa semana 0,52%. Devagar, mas consistentemente, o dólar vem se apreciando. De um lado, essa apreciação reflete o acerto das medidas que elevaram o IOF sobre capitais estrangeiros. De outro, mostra que oa investidores estão preocupados com a estabilidade dos precos e com as informações sobre a economia do país

Informativo

Caros Leitores

Antes de mais, temos de pedir desculpa pela inconstância na apresentação de novos artigos. Contudo, e apesar de não ser desculpa, temos duas grandes notícias para partilhar:

Como saberão os nossos leitores mais antigos, estamos na fase final de edição de um livro dedicado ao tema de finanças pessoais. Os detalhes irão ser apresentados em breve, mas estamos bastante entusiasmados com este projecto, que acreditamos poder vir a ser inovador face ao que tem sido escrito em Portugal sobre este tema, que consideramos insuficiente, dada a sua importância.

Em segundo lugar, e não menos importante e no âmbito da nossa parceria com o site Produtos Bancários, estamos a ultimar o lançamento de um site muito mais poderoso do que temos actualmente. O João construiu-nos o site e estamos, nesta fase a fazer a migração de artigos para lá. Em breve iremos disponibilizar o link. Fica mais um Teaser...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Artigo de Opinião - Leonete Botelho

Antes de mais nada é importante salientar que este comentário é desvinculado de qualquer enviesamento partidário, apenas pretende pedir seriedade e coerência a quem têm nas suas mãos a responsabilidade de informar de forma séria a sociedade civil ( a qual está desiludida e que entrou num longo período de hibernação).

A jornalista Leonete Botelho refere num artigo de opinião que na semana passada foram conseguidos diversos feitos (ao longo da última semana) que “deram um novo fôlego” ao primeiro-ministro (PM), vamos então analisar as razões apontadas pela “jornalista” e o motivo da nossa indignação:

1- “graças aos resultados surpreendentes da evolução da economia”

Basta recordar que a taxa de desemprego actual é: 10,9%, ou seja superior a 600 mil pessoas
Taxa de desemprego dos jovens (15-34anos): 15,5%
Sensivelmente 44% da população vive abaixo do nível de pobreza caso não existam apoios sociais, considerando estas ajudas o valor decresce para 22% ( o que não deixa de ser alarmante)

2- “ligeiro arrefecimento da temperatura financeira”: Recordo que os juros da dívida pública continuam perto dos 7% e todos se questionam se o FMI vai realmente ter que entrar em Portugal…

3- “sucesso diplomático e mediático” e onde “apareceu ao lado dos mais influentes Chefes de Estados” em relação à cimeira da Nato.

Não há margem de dúvida que a cimeira correu bem mas isso em nada eleva ou diminui o desempenho do PM.

Em termos logísticos de organização, as coisas correram bem, sem sobressaltos (mérito a todos aqueles que cooperaram nesse sentido). Em termos diplomáticos houve consenso. Mas se por alguma razão existisse menos consenso em questões da NATO, não poderíamos obviamente responsabilizar o PM pelo menor sucesso do evento, como tal o sucesso não lhe poderá igualmente ser conferido.

Esta valorização além de ser descabida é, ainda, de alguma forma ultrajante para todo o corpo diplomático e a população de uma forma geral (policias, SEF, elementos da organização também velaram pelo sucesso da organização, etc…)

4- “suficientemente revigorado para aguentar sem a necessidade de fazer qualquer remodelação”, afirmação esta que dista menos de uma semana após as declarações do Ministro dos Negócios Estrangeiros ( e o segundo na hierarquia do Governo), nas quais demonstrou “cansaço” e disponibilidade para sair…Abrindo ainda a porta a um entendimento entre partidos para um governo de coligação.

O Ministro das Obras Públicas mostrou nessa mesma semana um total alheamento ao acordo que permitiu a aprovação do OE e desconsideração ao descontrolo das contas públicas, isto porque mantém a vontade de contruir o TGV, a nova ponte….

Já para não salientar no “pequeno lapso” de Teixeira dos Santos em termos do défice antes das eleições…

De forma a manter a nossa imparcialidade, destacamos que a “jornalista” refere alguns pontos que são verdadeiros:

1- “O PM raramente fez remodelações” (Nomeadamente quando o seu ministro das finanças se enganou em relação ao défice)

2- “…economia içada pelo aumento das exportações”.
Como refere o economista João Duque, presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão, “ o bom comportamento das exportações está a ser feito, sobretudo, à custa "da capacidade instalada das empresas". Ou seja, é às empresas que deve ser entregue o mérito porque num quadro de contracção da procura interna, menor liquidez para investimentos (o que determina um elevado custo de recurso à banca), maior dificuldades de cobrança,etc…. é , sem dúvida, com muito suor e “engenho”que se consegue aumentar as exportações…

domingo, 21 de novembro de 2010

Sessão Reforma - Ideias Básicas II

Com algum atraso, retomamos o tema dedicado à reforma, intitulado de "Sessão Reforma - Ideias Básicas I", expomos de seguida algumas sugestões de actuação:

1 - O primeiro passo, antes de começar, será equilibrar as suas finanças pessoais. Fazer um orçamento é essencial, pois irá possibilitar equilibrar as receitas e as despesas, de modo a evitar cair em endividamento ou, por outro lado, a poder dedicar algum rendimento a poupança ou investimento.
2 - De modo a constituir uma poupança, deverá procurar "Pagar Primeiro a Si Próprio", através de uma transferência bancária automática para uma conta específica, a acontecer sempre que recebe o seu rendimento mensal. Deste modo, terá garantida uma poupança, todos os meses.

3 - Acabar progressivamente com o endividamento, sendo a prioridade acabar com as dívidas dos cartões de crédito, pois são as mais onerosas.

4 - Iniciar uma estratégia de investimento, com horizonte temporal mais alargado, destinado a acumular para a reforma. Neste contexto, não esquecer que terá de ter um fundo destinado a algumas situações de emergência. Contudo, este artigo é apenas dedicado à reforma.

4.1 - O tipo de investimento deverá ser enquadrado com a sua idade e consequentemente prazo para a reforma. Disso depende o montante a poupar e o risco que poderá incorrer.
4.2 - Deve constituir uma poupança também com recurso a um activo sem risco, algo essencial para maximizar a relação risco/retorno. Isto é o que nos diz a teoria financeira.
4.3 - De seguida, procurar fundos de investimento em obrigações, evoluindo depois para acções. Se os montantes o justificarem, opte por ETFs, pois são mais eficientes em termos de comissionamento e os retornos são muito mais interessantes. Sendo jovem, deve apostar mais em acções. Contudo, vá constituindo a carteira aos poucos, com reforços pontuais, mas constantes. Não se atire logo de cabeça, pois pode ser o suficiente para "partir a espinha" se errar no momento do mercado.

5 - Se tiver um crédito habitação, não se preocupe em amortiza-lo. A taxa de juro/spread são tão baixos que mais vale investir a amortizar a dívida. Contudo, poderá sempre procurar renegociar o spread, pois pode haver aqui alguma poupança a realizar.

 
6 – Procure ver se faz sentido fazer uma consolidação de créditos (iremos falar posteriormente) pois, contrariamente ao que alguns “especialistas” referem, é uma óptima estratégia de controlo e corte de custos. Com disciplina irá ter uma poupança expressiva.

7 – Reveja os seguros que têm e negoceie. Procure alternativas. As companhias de seguros entram em concorrência umas com as outras e o mais certo é melhorar o produto que tem e cortar custos, em especial no carro.

sábado, 20 de novembro de 2010

Os Dividendos da Portugal Telecom

Com algum espanto tenho lido na imprensa a indignação de alguns deputados e outros relativamente à possibilidade e interesse da PT em antecipar (dizem) o pagamento de dividendos, de modo a evitar a tributação dos dividendos a uma taxa superior.

Neste contexto, importa salientar aqui algumas questões de alguma importância e que alguns optam por esquecer:

1 – É dever da administração da PT maximizar o valor para os seus accionistas. Se tal passa por estas medidas, estão a fazer o seu papel;

2 – É dever de qualquer agente económico tentar encontrar as melhores alternativas para a sua vida, quer seja em termos de investimentos, com nas outras questões mais comezinhas como a educação, a saúde ou o divertimento.

3 – De acordo com toda a legalidade, esta procura dos agentes económicos é legítima e deve ser reforçada;

4 – Percebo a indignação de algumas pessoas. Contudo, esquecem-se de alguns factores, como sendo: (1) não se deve estar sempre e constantemente a atacar os detentores de capital, pois o capital é móvel e facilmente irá para outras paragens (2) a existência de um mercado aberto tem destas coisas. Não podemos apenas procurar as vantagens. Diferenças de tributação criam diferenças de competitividade entre empresas, facto que se tem visto na fraca competitividade das empresas portugueses no estrangeiro (certamente tem muitas outras explicações, mas esta é uma).

5 – Não oiço ninguém a criticar os portugueses que vão abastecer e vão as compras a Espanha, para aproveitar diferenças de taxas de IVA. Também não ouvi ninguém a criticar os cidadãos que compraram automóveis em Dezembro de 2009, pois deste modo aproveitavam o programa de incentivo ao abate de viaturas, incentivo esse com qualidade ou racional muito duvidoso.

Acho extraordinário como é que um se está sempre a atacar as nossas empresas de sucesso, simplesmente porque têm sucesso. Esta é uma atitude claramente portuguesa. Procuramos criticar quem tem sucesso, ao invés de procurarmos melhorar a nossa situação individual. Acho fenomenal como é que se critica a PT por não querer pagar impostos, num país que tem mostrou nos últimos 20-30 anos uma postura completamente irresponsável em termos de despesas e endividamento. Claro que a PT (e eu e todos nós) não queremos pagar a factura dos disparates que têm sido feitos. Ninguém quer pagar a factura. Nem os funcionários públicos que tiveram cortes salariais, nem todos nós que tivemos cortes dos apoios sociais como o abono de família. E muito menos uma empresa que existe para gerar lucros, que paga uma infinidade de impostos, cria emprego e riqueza.

A minha conclusão é: temos de fomentar uma postura de exigência que tem de se basear na exaltação do sucesso, e não pelo seu combate cego e indiscriminado, em nome da busca inconsciente e irresponsável de uma igualdade utópica e injusta.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Guerra de Depósitos

Já aqui falamos sobre a subida do risco soberano dos chamados PIGS. Ou seja, Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha. Já vimos que os investidores estão a exigir mais retorno para emprestar dinheiro aos países e empresas destes países. Assim sendo, porque haveriam os investidores particulares portugueses exigir menos do que é justificado?

Na realidade, vemos que as empresas portuguesas, em especial os bancos, têm mais dificuldade em financiar-se. Deste modo, estão na disposição de oferecer mais pelos seus depósitos a prazo. Como o problema em Portugal não se irá resolver tão cedo, sendo que a tendência será para o Banco Central Europeu e para os nossos parceiros do Euro (em especial Alemanha e França) forçarem os bancos a procurar novas formas de se financiar.

Conclusão, os bancos estão a virar a sua força comercial para os depósitos a prazo. Aproveite a boleia e faça depósitos com prazos mais curtos de modo a aproveitar as referidas subidas, até que esteja satisfeito com as taxas oferecidas. Facilmente poderá obter taxas de 5.5% a 6% (lembro-me de ter feito um depósito no Banif há 1-2 anos por 6%, Certo que a EURIBOR estava a 4%, mas o risco do país estava a 1/4).

Boas poupanças 

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

PF na IMPRENSA

Novidade:

Passamos a incluir nos menus uma área reservada a expor as nossas contribuições na imprensa, após o inicio de algumas parcerias com Jornais locais e Jornais on-line. A ideia será lançar as bases para uma cada vez maior democratização da formação e informação de qualidade nos temas de finanças pessoais.

O que é o Quantitative Easing?

Um video em Inglês, feito por uma cadeia de televisão, a explicar o que é o Quantitative Easing, que em português e sem grandes explicações é uma das formas de os Bancos Centrais (neste caso a Reserva Federal dos EUA) intervirem nos mercados, injectando liquidez. Deste modo, torna possível estimular a economia, ao haver maior disponibilidade de fundos.

Vale a pena ver...


http://globaleconomicanalysis.blogspot.com/2010/11/qe-explained.html

Malditos Especuladores

Gostaríamos de deixar algumas notas tendo por base um artigo publicado por Miguel Sousa Tavares na sua coluna do Expresso, colunista que seguimos com alguma atenção:

É evidente que os celebérrimos 'mercados' são apenas um bando de abutres especuladores, contra o euro ou contra países vulneráveis escolhidos a dedo, que tiram todo o partido que podem da situação. É evidente que, quando tudo isto estiver resolvido, de uma forma ou de outra, o mundo vai ter de encontrar medidas para pôr termo a esse poder sinistro dos especuladores financeiros (que nos lançaram na crise e se aproveitam dela), que roubam o trabalho das pessoas, a poupança das famílias, a riqueza das nações. Ou o fará ou o capitalismo - tal como o conhecemos, fundado nas leis de 'verdade' do mercado - tem os dias contados.
Em primeiro lugar, salientar a definição de Especulador. Na realidade, existe alguma confusão relativamente a este conceito. Um especulador, na sua génese, é um investidor que compra um activo na esperança que este venha a valorizar. Como somos todos pessoas racionais, queremos comprar algo para ganhar dinheiro, e não para perder.

Em segundo lugar, interessa que nos detenhamos um pouco na função dos mercados. Os mercados existem para fazer o encontro das necessidades de financiamento (pelos credores) com as necessidades de investimento (pelos investidores). Em qualquer processo de crédito e investimento, as duas partes têm de avaliar algumas variáveis. O credor tem de avaliar o custo do capital, o que irá definir um patamar máximo para a taxa de juro que está disposto a pagar num crédito. O investidor tem de avaliar o risco que pretende incorrer e a remuneração que exige.

Em terceiro lugar, os mercados encontraram recentemente um instrumento de protecção para o incumprimento de crédito. Quer isto dizer que foram criados seguros para que os investidores se protejam de eventuais falhas no pagamento por parte dos credores. O facto de os mercados estarem num tumulto, actualmente, deve-se à deterioração excessiva das métricas e da qualidade de crédito dos governos. Ora, fará sentido culpar os mercados pelo descontrolo ao nível das finanças públicas dos governos? Isto não será o mesmo que culpar o polícia por não apanhar o ladrão?

É certo que poderiam ser criadas algumas regras para melhor proteger ambas as partes. Contudo, é certo que tem de existir maior controlo sobre a classe política de modo a que seja forçada a tomar as decisões que melhor se enquadrem com as necessidades da estabilidade e sucesso do país.

Finalmente, acusa os especuladores por roubarem o trabalho, a poupança e a riqueza das nações. Mas na realidade, quando subscrevemos produtos de investimento, estamos todos a fazer parte dos mercados. Quando queremos que um investimento seja mais lucrativo, estamos a tornar-nos especuladores. Quando exigimos reformas a 100% na altura da reforma, estamos a recorrer aos mercados para que nos garantam as reformas. Ou seja, todos nós ganhamos ou perdemos, directa ou indirectamente com esta postura dos mercados. Todos somos actores. O problema é que, mais uma vez, quando ganhamos somos uns heróis e quando perdemos a culpa é dos especuladores e dos outros.

Uma última nota. No seu artigo MST fala que as crises são épocas de oportunidades e que nos compete a nós saber aproveita-las. Não podíamos estar mais de acordo.


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Intervenção do FMI?

Teixeira dos Santos, o nosso ministro das finanças, abre a porta a uma intervenção do FMI em Portugal. Já falamos anteriormente sobre esta possibilidade, que vemos com bons olhos, em especial para os cidadãos mais novos, dado induzir um contributo muito favorável para o médio e longo prazos. A acontecer uma intervenção, o curto prazo seria bastante penoso, dado serem necessárias fortes medidas de ajuste da estrutura da nossa economia. Entre eles, podemos assistir a fusões de bancos, mais cortes nos salários ou na força de trabalho da administração pública, o que poderá ainda ser reflectido no tecido empresarial privado.

Parece certo que algo deverá acontecer no curto prazo. O primeiro-ministro já perdeu a força que o caracterizava e deverá estar desejoso para sair de cena. Será sempre recordado por este acontecimento, apesar de poder sempre desculpar-se pelo contexto internacional e culpando os especuladores. Ninguém nos empresta dinheiro e o risco de incumprimento do Estado está em níveis máximos e é certo que alguma coisa tem de ser feita, pois as nossas empresas privadas, muitas delas de grande qualidade e exposição internacional, não se conseguem financiar no exterior. E sem financiamento, já sabemos qual o fim que nos espera.

sábado, 13 de novembro de 2010

A Gestão do Risco

O presente artigo é destinado a expor um conceito bastante interessante que acreditamos não ser bem compreendido: a gestão do risco, numa estratégia de investimento.

Antes de mais, remetemo-lo para a definição de risco já referida noutro artigo. Risco é incerteza, algo que não é mau, por si. Representa um perigo, mas ao mesmo tempo uma oportunidade.

Consideramos que este conceito não é muito compreendido, pois acreditamos que a preocupação dos investidores portugueses tem sido a minimização ou mitigação dos riscos, ao invés da sua gestão. Ou seja, somos da opinião que uma correcta estratégia de investimento de deve focar na estruturação de uma carteira que seja diversificada e enquadrada no perfil de risco do investidor.

E como diversificação, não queremos dizer a compra de vários investimentos com o mesmo nome mas cujas variáveis que os determinam e condicionam são as mesmas. Ou seja, para uma correcta diversificação de investimento, teremos de recorrer a activos que sejam descorrelacionados. O mesmo quer dizer que tenderão a andar em sentidos contrários, em resposta a um mesmo acontecimento. Aliás, a diversificação torna possível trabalhar o risco a nosso favor.

Por outro lado, sentimos que a preocupação das pessoas tem sido a minimização dos riscos. E sabemos que isto é um perigo pois como referimos anteriormente, um risco é um perigo mas ao mesmo tempo uma oportunidade. E sendo uma oportunidade, se não estivermos expostos ao risco, não podemos explorá-la. É simples e intuitivo... mas é algo esquecido.

Como conclusão, sugerimos que pense bem nestes dois conceitos e que se lembre que o mundo apenas evoluiu porque houve pessoas dispostas a arriscar e a ir contra as crenças instituídas na época. O risco é essencial para o progresso, pelo que não o minimize. Gira-o.

Os Mercados Offshore e os Paraísos Fiscais

Antes de mais pedimos desculpa pela ausência de artigos, na última semana. Na realidade, temos estado focados na edição do nosso livro de Finanças Pessoais, que tem de estar concluído até ao final deste mês. Deste modo, o tempo não abunda...

Deixando as desculpas para trás, queremos apenas fazer uma distinção clara entre os mercados offshore e os paraísos fiscais, pois consideramos que existe uma confusão bastante grande neste contexto.

Na sua génese, o mercado offshore designa-se de Euro Mercado. Na prática, é um mercado composto por operadores estabelecidos num pais, mas que operam numa moeda diferente daquela desse país. Ou seja, captam empréstimos em moeda estrangeira e cedem créditos, também eles em moeda estrangeira. A criação deste mercado foi essencial no processo de globalização e contribuiu, em muito, para a redução dos custos de financiamento dos vários agentes económicos, dada o reduzido comissionamento e a concorrência quase perfeita destes mercados.

Por seu turno, um paraíso fiscal é um país com um quadro fiscal mais vantajoso do que o normal, sendo utilizado pelas empresas para reduzir o nível de impostos a que estão sujeitos.

Uma última questão, que exporemos sem tomar qualquer partido. Será que faz sentido criticar os paraísos fiscais? Ou será que é obrigação de todos os agentes económicos a maximização do valor dos seus investimentos, recorrendo aos mecanismos LEGAIS que têm ao seu dispor?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Saco Cheio

Estava hoje a falar com um amigo que me disse uma frase que gostei bastante, e gostaria de partilhar convosco:

"Se esperas receber muito, levas um saco grande. Se levas um saco pequeno, é porque contas receber pouco".

Lembrei-me de partilhar esta frase pois acho bastante reveladora do que se está a passar com o país em geral, e com os portugueses em Particular.

Na realidade, considero isto um alerta e um conselho bastante válido. Alerta-nos para a necessidade de ter horizontes alargados e ser ambiciosos. Aconselha-nos a procurar ir mais além, em perspectivar as coisas em grande, procurando sair da unanimidade e do status quo actual.

E porque é tudo isto relevante? Acredito que para atingirmos objectivos pessoais, temos de ter uma noção de quais são esses objectivos. Aliás, para irmos a algum lado, temos de saber para onde queremos ir. E nas finanças pessoais, torna-se essencial saber onde queremos ir, para focar as nossas atenções e esforços nesses objectivos... e é quando perspectivamos esses objectivos que devemos ser ambiciosos, pois o esforço que empregarmos para os atingir irá levar-nos mais longe.

Fica a reflexão

domingo, 7 de novembro de 2010

Taxa de Utilização do Sub-solo

Um artigo rápido que surge de algo cómico mas ao mesmo tempo preocupante e escandaloso. Então não é que a nossa Câmara Municipal de Lisboa (não sei como é nas outras cidades) se lembrou de criar uma taxa de utilização de sub-solo, a ser paga por todos os clientes da rede de gás (ou seja, todos nós). Ou seja, o solo que é nosso, que nascemos em Portugal, tem agora de ser remunerado a uma empresa que está a comercializar o gás.

Vamos por parte. Quando compramos um café, estamos a remunerar o dono do café pelo serviço que nos presta. Por seu turno, o preço que pagamos inclui não só o lucro do dono do café, mas também todos os custos do serviço, como a mão-de-obra, o custo da limpeza das chávenas, o custo do café. Porque raio é que, com o gás e outros serviços públicos temos de ser sobre carregados com taxas e afins que mais não são do que a procura de pretextos para pagar mais impostos. Ou seja, o preço que pagamos pelo gás não inclui todos os custos do serviço. É isso? Ou estaremos a ser assaltados, mais uma vez?

Podemos aplicar a mesma lógica à taxa de Audiovisual que todos pagamos na conta da electricidade. Ou seja, temos de pagar pela RTP e afins, mesmo que não a vejamos. E para quê? Para termos um péssimo serviço público? E o pior é que o Estado se lembrou de nos aumentar esta taxa, creio que em 30%, pois definiu como medida de austeridade cortar com as transferências para a RTP. Uau... que grande progresso e esforço do Estado. Mas o Estado somos todos nós. Estão a tirar de um lado (mais uma vez, dos nossos bolsos) para reduzir o défice... mais impostos/roubo encapuçado...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sessão Reforma - Ideias Básicas I

Infelizmente, temos sido constantemente recordados dos problemas inerentes ao sistema social na Europa, tudo apontando para que as reformas terão de cair de forma significativa e para que as pessoas tenham de permanente na vida activa por mais anos do que anteriormente esperavam. Antes de mais, queremos deixar claro que este facto se deveu a dois factores:

1. Aumento da esperança média de vida das populações, algo bastante positivo;

2. Alguns erros na gestão por parte do Governo, sendo de destacar os disparates observados em termos de reformas antecipadas e pré-reformas.

Com base nestas premissas, torna-se claro que os cidadãos são agora forçados a tomar as rédeas da sua vida, nomeadamente no que ao investimento diz respeito, numa altura em que a maioria das pessoas não tem nem conhecimentos nem vontade de o fazer. Quem já nos acompanha há algum tempo, saberá do nosso projecto de formação, cujos cursos poderá consultar aqui.

Assim sendo, deixamos algumas referência que consideramos úteis:

DETERMINAR AS NECESSIDADES FUTURAS:

De modo a melhor planear a sua reforma, deverá ser capaz de estimar hoje um determinado nível de vida futuro, sendo este exercício fundamental para saber quanto terá de poupar, todos os anos, para atingir esse objectivo. Neste aspecto, haverá a considerar a existência da inflação e dos juros compostos, que em muito o ajudarão no seu caminho:

• No caso da inflação, ao baixar o valor dos seus empréstimos e em aumentar as suas receitas.

• No caso dos juros compostos, pelo impacto positivo que têm na geração de juros futuros. Como sabe, nesta modalidade, os juros que recebe irão, também eles, gerar novos juros. É o extraordinário impacto do dinheiro a trabalhar para nós…

Na determinação das suas necessidades futuras, existirão algumas variáveis a considerar, como sendo o rendimento mensal que quererá auferir, a idade desejada para a reforma e o tempo que espera possa vir a durar a sua reforma. Com base nesta definição, deverá planear/prever:

Taxa de retorno dos seus activos:

É impossível prever as taxas que os seus investimentos irão auferir, ao longo de toda a vida do seu plano. Adicionalmente, e mais grave, pode acontecer algum factor pouco provável (como a crise actual e o seu forte impacto em termos de retornos de activos) que possa colocar em perigo os seus objectivos.

Tem algumas soluções, como sendo o recurso a planos de reforma com taxas garantidas ou compra de obrigações com determinada taxa de cupão (mantendo-as até à maturidade). Contudo, admitimos que as soluções disponíveis passam sempre por pesar riscos e retornos esperados, algo que não está no âmbito deste artigo, mas certamente que escreveremos algo sobre isso em breve.

Inflação:

Não sabemos que cabaz de produtos conseguiremos comprar com o nosso dinheiro, daqui a vinte ou trinta anos. É o impacto da variação do nível de preços. Certamente que o seu dinheiro irá perder valor, embora seja expectável que o seu rendimento também sofra ajuste mais ou menos com a inflação por baixo. Adicionalmente, e como referido, a inflação tem um impacto positivo ao nível do valor do endividamento. Sugerimos que, na sua análise, considere uma taxa de inflação de 2-2.5% ao ano, pois este é o objectivo do Banco Central Europeu e irá ditar as suas políticas económicas e monetárias.

AUTOMATIZE AS TRANSFERÊNCIAS PARA UMA CONTA SEPARADA:

Como sabemos, o facto de termos dinheiro parado na nossa conta tende a aumentar o nosso desejo consumista, na medida em que nos sentimos mais desafogados ou despreocupados. Neste sentido, encontramos sempre destinos a dar ao dinheiro. Assim, a nossa sugestão pela programação de transferências automáticas para uma conta de poupança, a efectuar no dia em que recebe o seu salário. Deste modo, o dinheiro não fica disponível na conta e nem dá pela sua falta.

EXIGÊNCIA E PERSISTÊNCIA:

Sendo o assunto a sua reforma e a sua qualidade de vida nessa altura, sugerimos que paute a sua actuação sempre por um elevado nível de exigência. Existem factores, no processo de investimento, que controla, pelo que aconselhamos que se foque nesses factores, e seja exigente. Assim, sugerimos:

Aumento da poupança mensal – sempre que possível, faça reforços pontuais na sua poupança, nunca se esquecendo que pode substituir parte das suas despesas por poupança;

Procura de produtos mais eficientes – nunca descanse na procura por produtos mais eficientes para a sua poupança, tanto em termos de risco, retorno ou comissionamento. Podem existir benefícios fiscais em determinado produto, benefícios de transferência de planos poupança reforma, ou simplesmente gestores com maior qualidade.

Finalmente, sendo a reforma um acontecimento distante no tempo, tendemos a descuidar-nos ou a desistir, pois o resultado do nosso esforço não é verificável ou vivido no curto prazo. Contudo, sabemos que uma política de reforço de poupança consistente no tempo é algo essencial para aumentar a probabilidade do sucesso da sua estratégia, traduzido em retornos mais atractivos e menos dependentes do contexto do mercado/economia.

Tendo feito os diagnósticos e apresentado algumas sugestões, pedimos que aguarde por amanhã pelas nossas sugestões de actuação. Entretanto, poderá ir explorando as nossas ferramentas, disponíveis aqui.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Que Assuntos Gostaria de Ver Tratados?

Lançamos aqui um desafio. Gostaríamos de saber quais os assuntos que os nossos leitores gostariam de ver tratados. Neste sentido, sugerimos que nos enviem um e-mail para palaestraformadores@gmail.com ou simplesmente deixem aqui um comentário. Certamente que teremos todo o gosto de endereçar as vossas preocupações e sugestões.